Por Adriana Vandoni
Uma das formas de se conhecer a estatura de um homem é quando ele reconhece seu erro, e corrige-o, mas no tempo apropriado. Lula já declarou que errou em algumas de suas convicções, e reconheceu o erro, mas fez isso tarde, apenas após assumir o poder. Mostrou o nível da sua estatura.
Na semana passada o senador Artur Virgílio criticou a fala do General Augusto Heleno quando este declarou que a política indigenista do governo federal está equivocada. O senador declarou que “embora tenha razão, não acho que devesse ter falado, porque não é papel dele falar. Lutei muito por democracia no país e não considero justo que voltemos ao tempo dos pronunciamentos militares de caráter político.”
Há alguns equívocos nesse pensamento. Primeiro, se o tema da exposição era a situação da reserva indígena Raposa do Sol em Roraima e os conflitos lá instalados, e a platéia era de militares, o general não fez pronunciamento político algum, como afirmou o senador. Imaginar que um palestrante realize sua exposição sem emitir opinião é ir contra a lógica.
Outro equívoco foi quando expôs uma preocupação com os riscos de um retorno à ditadura. Risco de retorno à ditadura em função da opinião do general? Ora, os fatores e atores que hoje representam risco à democracia estão bem longe dos quartéis. Vejo ameaças à democracia brasileira nos movimentos ditos sociais que, bancados por recursos públicos, desmoralizam e tripudiam sobre os pilares da democracia brasileira. Vejo ameaça nas falas e desfalas do executivo quando reduz o papel e desautoriza o legislativo, ou quando manda o judiciário calar a boca. Vejo ameaça à democracia quando parlamentares se submetem aos desejos do executivo em troca de ‘apoios’, ou nas constantes ameaças de mudanças na Constituição Federal para possibilitar um terceiro mandato. Uma ameaça real à democracia é a atual política externa do Estado brasileiro, que, em detrimento da nação, segue princípios ideológicos de facções do PT.
A fala do general, que inesperadamente foi gravada e reproduzida como algo estarrecedor, foi uma das atitudes mais democráticas dos últimos anos neste país tão enlameado por corrupção, por ruptura da soberania nacional, por atitudes despóticas de um governo com um claro viés autoritário, que usa descaradamente a máquina pública em comícios diários para lançamento de obras, muitas delas imaginárias, ao arrepio da Lei. Democracia pressupõe direitos iguais, e isto sim, são atitudes que vão contra o estado democrático.
Os tempos são outros e as Forças Armadas hoje talvez até signifiquem e se comportem como um dos pilares da democracia. Não podemos desprezar o seu papel nas fronteiras brasileiras tendo organizações como as Farc à espreitar, e ainda sendo reconhecida pelo atual governo como uma organização política. Como estaria a situação das fronteiras brasileiras caso essa organização criminosa se sentisse segura para invadir e pregar sua ideologia narco-trafi-comunista? Foram também os militares os primeiros a perceber o perfil e risco das atitudes belicistas de Hugo Chaves, o que hoje já é compartilhado por membros do governo.
É um equívoco confundir a defesa da soberania territorial com riscos à democracia. As palavras do senador talvez tenham seqüelas por ter participado da geração que viveu o regime militar, por isso compreensível, embora já tenha se passado mais de vinte anos do fim da ditadura militar.
Cabe ao senador, na representatividade e capacidade que possui, desfazer-se dos equívocos criados pelo período militar que parecem ainda o atormentar, e direcionar suas criticas sobre as novas e reais formas de destruir os valores democráticos, exigindo ações do Estado contra as quebras dos direitos individuais e de propriedade, aos quais já nos acostumamos a ver infringidos em tantas e tantas ações fascistas de vândalos ideológicos.
8 comentários:
O carma que atormenta o senador Artur Virgílio,uma das figuras emblemáticas do PSDB deverá acompanhá-lo por no mínimo três gerações tucanas, digo isso baseado nas palavras bíblicas: "Eu visitarei sua iniquidade até à terceira geração".
O Grão tucano FHC comprou os "trezentos picaretas" e pagou à vista o segundo mandato sob os olhares virgilianos.
Adriana esse seu artigo deve ser de alguma forma divulgado além do blog,fico torcendo que isso aconteça,ele dá nome na dimensão correta de quem é quem, ou o que é o que.
Parabéns.
Parece que o nobre senador que deve ter sofrido muito nos anos de chumbo esteja ávido para a vinda dos anos de ouro que virão pelo socialismo made in Brazil.
Virou mote referir-se às forças armadas como sendo o âmago do inferno. Bom mesmo foram as experiências socialistas há muito conhecidas e intencionalmente pouco divulgadas para a platéia. Pobre povo que imagina estar sendo levado para o paraiso social. Mas, convenhamos, que ele merece, merece.
O Gen Augusto Heleno em não alertar a tropa aos riscos definitivamente existentes para o país teria sido relapso, pois cabe a ele preparar o país militarmente para resistir a desagregação.
E aqueles que criticam a sua fala estão definitivamente colocando dando mas relevância asuas ambições pessoais do que a uma séria avaliação dos riscos ao país dessas colunas de movimentos que, em absolutamente desprezando as leis do país abrem mão da cidadania.
O General Heleno não fez nenhuma declaração política. Fez o que, como militar tinha que fazer, pois é o responsável por uma imensa fronteira. Parte desta fronteira ficará fora do alcance dos brasileiros, entregue sabe-se lá a quem. Esta é uma realidade e somente por isso que o governo ficou furioso.
Na verdade entendo que o Gen. fez uma crítica à politica indianista, então, eu entendo, ser uma crítica de certa forma política, mas técnica-militar, pois está alertando para um problema sério. Eu não sei que essa gente (politicos)tem tanto medo dos militares, devem estar condicionados, e não veem um problema como esses. Já sabem que muitas ONGS nao são honestas, já sabem que é uma região de fronteira.., com Venezuela, a Venezuela abre suas portas para os Narco-FARCS, sabem que a Venezuela está investindo pesado em armamentos, e não querem deixar um senhor que é especialista falar... por quê? Porque vai aparecer e já está aparecendo mais uma... mas uma... me falta o adjetivo, mas vcs sabem.
Prezada Adriana,
Parabéns por suas palavras.
O panorama apresentado é um bom resumo do que passamos em termos de Brasil.
A minha preocupação em relação à Floresta Amazônica e o limite da mesma com outros países é desde 1968/69 quando fui estudante de curso superior. Até hoje tenho idèia do que é o Norte do país porque já fui em alguns lugares de lá, a trabalho.
Dá tristeza quando sabe que tudo está sendo acabado e não tem volta. A exploração da madeira, do minério e jazidas de pedras preciosas um dia vai acabar e ficaremos com imenso problema como a China que não tem florestas. Dizimaram quase tudo. Agora exploram a Amazônia.
Em meu curso de Economia do Meio Ambiente, na UNB, um professor informou-nos que os cinco maiores exploradores de madeira são chineses. Não sei se é verdade, mas é isto que tenho em memória.
Lamentável termos um governo e um congresso como este que não se preocupa com a Soberania Nacional.
Adriana, parabéns pelo artigo. Já o lera no alertatotal e pensei comigo: a Adriana trabáia e trabáia bem. Artigo de primeira. De novo, parabéns.
Alô, Adriana.
Parabéns. O artigo é supimpa.
Eu concluiria que a população espera que o senador direcione efetivamente seus esforços para que tenhamos uma oposição confiável, com elementos objetivos e ação real na casa onde ele deve agir e não um senador que procure elementos subjetivos nas sombras e, na minha opinião, desviando o foco, quase que como um factóide do Maia...
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