25 de abr. de 2008

TV Brasil: ninguém sabe ninguém viu

Por Chico Bruno

A medida provisória que autorizou a criação da TV Brasil foi aprovada em uma das sessões mais deprimentes do Senado. A base aliada de Lula usou até artifícios poucos éticos para aprová-la.
Apesar de todo este esforço, a TV Brasil, ainda, não disse a que veio. Continua a ser um misto frio das grades de programação da antiga TVE/Rio e da TV Cultura de São Paulo. A única novidade é o jornalismo, com dois telejornais, um pela manhã e outro a noite.
Jornalismo tropeçou ao ser chamado de chapa branca pelo demitido editor e apresentador do Repórter Brasil, Luis Lobo, mais esse não é o assunto.
Bem diz o dito popular que “pau que nasce torto não tem jeito morre torto”. A TV Brasil nasceu torta. Quer ser pública, mas está atrelada ao governo até o último fio de cabelo.
Poderia ter sido criada, nos moldes da Fundação Padre Anchieta, que dirige a TV Cultura de São Paulo.
A TV Brasil é gerida por profissionais competentes no que faziam antes, mas pouco afeitos à mídia televisão. Todos sem exceção vieram da mídia impressa.
Além disso, existe um conflito entre a presidência e a superintendência, pois a primeira é submetida à segunda, no caso especifico da grade de programação da emissora.
Em uma emissora de televisão o fundamental é a sua grade de programação, que no caso da TV Brasil está entregue a um neófito na matéria.
Vale lembrar, que a grade de programação criada por Walter Clark foi a responsável pelo grande salto da Rede Globo, copiada por todas as grandes redes de TV até hoje.
O momento é propicio para a criação de uma nova grade de programação contrariando tudo o que está no ar, pois esse modelo está se exaurindo.
A TV Brasil poderia ser o conduto da renovação. Infelizmente é uma novidade, que, ainda, não disse a que veio e para onde vai.
Nem no jornalismo, ela inovou. Faz o mesmo jornalismo que as demais, ancorada em Brasília, Rio e São Paulo, coisa que a Globo já faz há décadas no Bom Dia Brasil.
A TV Brasil tem que ser a cara do país. Ela tem que mostrar as diferentes caras que o país tem. Seus telejornais teriam que ser ancorados por região, como é feito o Jornal Regional, da EPTV de Campinas, que cobre toda região em que atua. No caso da TV Brasil, isso seria feito com ancoras nas cinco regiões do país.
A emissora pública poderia trazer um outro diferencial. Uma cobertura maciça de tudo o que acontece na América do Sul em um telejornal especifico.
Uma aposta ousada, mas factível, seria trazer o melhor dos canais de informação fechados para a TV Brasil, tornando-os acessíveis a todos os telespectadores.
O importante é que tudo isso seja feito com uma maciça campanha publicitária de lançamento da emissora em todas as mídias disponíveis, pois como dizia o velho guerreiro Chacrinha, “quem não se comunica se trumbica”.
Sem isso, a TV Brasil vai ser apenas mais uma TV no controle remoto das TVs produzindo apenas traços de audiência.
Não dá para continuar fazendo TV pública, sem a busca de audiência. Esse não é o caminho.
Não adianta ficar achando que a TV pública brasileira acertou em vários nichos de programação, se estes não são conhecidos pela maioria dos telespectadores do país.
A receita básica para o sucesso da TV Brasil está em não se espelhar pelo que foi feito nas TVs Educativas do país em 35 anos. É preciso fazer o que as TVs comerciais abertas não se arriscam a fazer. Aproveitar o melhor dos canais de TV fechados de informação e investir em publicidade.
Enfim, mostrar ao país que existe uma novidade no controle remoto dos aparelhos de TV do país.

2 comentários:

Chacon disse...

Quem é o Ministro responsável por ela? É aquele es jornalista Franklin Martins, não é mesmo? Ele falava na CBN, eu gostava de ouvir todos os comentários menos os dele, ele não sabe nem falar diretiro, chovia no molhada, tanto que saiu da CBN, que tem uma qualidade excelente. Essa TV nunca vai ser nada, tá igual os seus donos.

Anônimo disse...

Calma Adriana. Aposto aquele dedinho faltante na mão do presidente que logo o Ministério da Educação introduzirá compulsoriamente nos currículos escolares os assuntos tratados pela TV Brasil. Todos os alunos deverão assistir à programação da rede para poderem responder às perguntas feitas pelos professores em suas tarefas escolares.
É questão de tempo.
Lá estarão as reportagens sobre a vida heróica de Tchê Guevara, Lenin, Trotsky, as atividades nos acampamentos do MST, os heróis que foram presos nos anos de chumbo e que desfrutam agora de uma vida tranquila, a importância dos sindicatos para os trabalhadores, o atendimento eficiente feito pelos hospitais públicos, a preservação das terras indígenas, o resgate social feito pelos quilombos, etc.