22 de mai. de 2008

Ao pé da lei

Por Eduardo Mahon

Dá-lhe, Gilmar!
Nenhum pouco lisonjeiro foi o tratamento dado à Polícia Federal pelo atual Presidente do STF, Ministro Gilmar Mendes. Já era esperada uma posição firme e destemida do mato-grossense. Juiz não pode ter medo e nem se acocorar por pressões da opinião pública. Denunciando o estado repressivo no qual vivemos, cuja opinião pública é formatada pelo terrorismo, Mendes afirmou categoricamente que a PF planta falsas notícias, desqualifica juízes e nada faz para se disciplinar. Até que enfim, temos um magistrado que, do topo do Judiciário nacional, tem a coragem de dizer o que precisa ser dito. Vivemos sim numa devassa permanente, numa espionagem covarde, num estado de amedrontamento contra os que fazem frente a esses pequenos napoleões.

Estado de Sítio
Em média, temos mais de 400 mil grampos telefônicos, sem autorização judicial. E quem se beneficia disso é a polícia e o Ministério Público que tem fetiche por escutar conversas alheias durante anos, extraindo frágeis migalhas de provas. Isso quando não comete equívocos bizarros. Não são minhas as afirmações sobre os abusos do grampo e sim da Comissão Parlamentar de Inquérito que apura esse desmando nacional e as montagens de conversas, trechos falsos e distorções para descontextualizar os fatos, da lavra de um dos maiores peritos do país, Dr. Ricardo Molina. Pergunta-se: até quanto vai perdurar esse estado de sítio à democracia constitucional brasileira? Será com muito sofrimento que entenderemos que o mito da segurança não vale a liberdade civil?

Calvário
Independentemente do resultado do processo, absurda a prisão do casal Nardoni. Durante o inquérito policial, quem forneceu ativamente algumas provas usadas pela própria acusação foi o casal. Não deu qualquer dos acusados mostras que tencionavam fugir e nem tampouco ameaçar testemunhas. Como sempre, o clamor popular e o massacre da mídia foram os únicos responsáveis pela cadeia. É questão de tempo para reaver a liberdade, no entanto. É que a culpa só será comprovada com sentença definitiva. Infelizmente, o Judiciário por vezes entende que a sua própria credibilidade está em jogo nestes casos. Equivoco e medo: este, pessoal e aquele, técnico.

Sembranelli
O nome completo do promotor que denunciou os Nardoni é Francisco José Taddei Sembranelli. Quer polarizar a causa, como o mocinho contra o bandido. É bem típico da acusação: conduzir a opinião pública para esmagar qualquer defesa. Suspeito o promotor Sembranelli. Isso porque participou ativamente da coleta de provas, manifestou seu entendimento antes mesmo da oferta da denúncia e continua sustentando convicções pessoais, tomando um belo bronzeado com as luzes dos holofotes, concedendo entrevistas até mesmo em sua própria residência.

3 comentários:

Chacon disse...

Bem... já temos um General (ou até mesmo alguns) e um Magistrado do STF, falta o povão abrir os ólhos e não se deixar comprar.

ma gu disse...

Alô, Adriana.

Posso concordar com o ilustre advogado, em tese, no caso da menina. Mas um HC negado no tribunal paulista e outro no tribunal superior pode indicar outra coisa. Esperemos o Supremo se manifestar...
Quanto às manifestações do representante do MP, concordo. O ilustre promotor poderia ficar quieto. Mas quem resiste aos holofotes da mídia?

Anônimo disse...

Sem elucubração jurídica, a menina morreu? como?
Ah, já sei, foi um mutante invisível que quis sacanear todo mundo; sacaneou a menina, o pai, a mãe, a polícia, a madrasta, sacaneou até a mim que fiquei achando que foi o FDP do pai, o criminoso.