1 de mai. de 2008

Morando na rua II

Saindo do Rio e indo para São Paulo.

“Não consigo mais viver de outro jeito”
Vitor Hugo Brandalise, em O Estado de São Paulo

O que há de pior em viver nas ruas? Luiz Leonel de Lima (foto), de 45 anos, olha para o nada por 30 segundos, coça a barba, a cabeça e diz: "O pior... O pior é a chuva." Morador de albergues e praças do centro de São Paulo desde 2003, após passar por Belo Horizonte (MG), Vitória (ES), Salvador (BA) e Campo Grande (MS), ele vê a vida em termos práticos. "Já acostumei. Não sei mais viver de outro jeito."
A desesperança de Leonel, segundo assistentes sociais, é comum entre pessoas que vivem na rua. "Eles geralmente chegam sadios às ruas. Mas, pouco tempo depois, ficam psicologicamente alterados, perdem todos os valores e referências", afirma a coordenadora da Central de Atendimento Permanente de Emergência da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, Renata Ferreira. Em São Paulo, segundo a secretaria, há cerca de 13 mil pessoas nas ruas. A última pesquisa sobre o perfil deles foi feita em 2006 pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), com 631 entrevistados. Diferentemente da pesquisa do Ministério do Desenvolvimento Social, só foram ouvidos moradores dos albergues.

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