27 de mai. de 2008

No coração do Nordeste

Por Laurence Bittencourt Leite

Um dia depois que meu amigo e uma das melhores cabeças dessa terra chamada Natal, Adauto Medeiros, escrever artigo em um dos jornais locais (aqui em Natal), mostrando a farsa e o absurdo com que alguns dirigentes da Petrobrás, em especial o diretor de exploração do órgão, Guilherme Estrela,
ainda insistem em falar em reestatizar totalmente a Petrobrás, o diretor geral da Agencia Nacional de Petróleo (ANP), Haroldo Lima (foto), ligado, percebam, ao PCdoB, afirmava na Câmara dos Deputados que se o Brasil não cumprir os planos de avaliação e desenvolvimento para o petróleo, “a auto suficiência do país pode ficar comprometida, a partir de 2010”.
Em um país como o nosso uma informação como essa, claro, cai em ouvido de mercador.
De qualquer forma é bom esperar. Mas Adauto Medeiros, que é um dos construtores reais dessa nossa cidade, dizia que mesmo com a descoberta dos novos campos de Petróleo na Bacia de Santos – Tupi e da Carioca -, era necessário continuar o processo de leilões para a exploração dos novos campos de petróleo. Leia-se “processo de leilão para a exploração do petróleo”, a continuidade da privatização nessa exploração.
Pois foi exatamente o mesmo que disse o (seria errado dizer “ex-comunista”?) o presidente da ANP, Haroldo Lima, chegando ao ponto de dizer que o governo não poderia parar com as licitações (repito, leia-se privatização), sob pena de andarmos para trás. Como esclarecimento basta dizer que em 1995 os estados e municípios do Nordeste receberam de royalties 40 milhões de reais. A partir de 1996 com a quebra do monopólio esses números subiram para mais de 1 bilhão de reais. Diante desses dados, é que Lima criticou duramente a demora do governo na liberação dos leilões. Havia um leilão marcado para o inicio do ano, mas o governo simplesmente adiou, sem remarcar uma nova data.
A idéia, claro, por trás dos leilões é aumentar a produtividade na extração de petróleo no país, e isso só vem sendo feito através da iniciativa privada com a quebra do monopólio. Era isso que Adauto falava, e foi isso que o dirigente do PCdoB alertou. Claro, que esse é um assunto tão árido que é impossível imaginar o povão sabendo dessas coisas. Mas o povão não sabe nem tem interesse sequer pela corrida municipal (mais de 70% da população não tem a menor idéia de quem seja os candidatos ou mesmo de que vá haver eleições esse ano) quanto mais saber algo sobre um assunto voltado para especialistas. Mas os nossos problemas não residem na massa e sim nas chamadas elites políticas e econômicas.
Produtividade, aumento no salário real, só se faz com geração de emprego, que só ocorre pela iniciativa privada. O exemplo maior continua sendo o Nordeste. A coisa é tão acintosa que basta pensarmos no Bolsa família, que segundo o jornal Tribuna do Norte deste final de semana, já atinge 33,5% das famílias do nosso Estado. É um percentual imenso. É nessa ajuda que o PT faz maioria nos votos. Mas a idéia por trás do programa (que diga-se não foi do PT) não se sustenta como um projeto socialista ou comunista. Traduzindo: sem a produtividade capitalista não se pode transferir impostos, que é o que o Bolsa família faz. É preciso, portanto, que haja produtividade privada para que possa ser possível transferir (não distribuir que é outra coisa) impostos. A derrocada de todos os países comunistas foi porque depois da tomada de poder, faltou aqueles que sabem e querem produzir. Sem isso o regime faliu. Por isso que no Brasil o Bolsa família se sustenta. É dialético.
Só para se ter uma idéia ainda maior da nossa aridez, este ano o país (leia-se o setor agrícola) irá produzir 140 milhões de toneladas. No entanto, este mesmo setor para conseguir produzir este montante e colocar comida na mesa de todos nós, terá uma divida de 70 bilhões de reais. Percebam: 70 bilhões de reais. Enquanto isso, o governo deu a fundo perdido ao MST e ao Programa Nacional de Agricultura Familiar, 73 bilhões de reais, que não foram usados para produzir um grão de feijão segundo dados recentes, do jornal “O Globo”, extraídos de fontes do próprio governo.
Sem a produtividade privada nem a Petrobrás seria a mesma, como o governo não teria impostos para manter o Bolsa família e consequentemente ter sua popularidade em alta. O resto é puro populismo e discurso para inglês ver. Ou para o Nordeste ver.

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