16 de mai. de 2008

Amor à geografia

Por Fabiana Sanmartini

Vamos entender de vez uma coisa, cultura é arte e arte vem seguida de perto por uma inteligência e criatividade intuitiva que acompanha atores, músicos, engenheiros, médicos, varredores de rua...
Sim porque a arte esta em qualquer atividade feita com a dedicação que só a paixão e o amor incondicional são capazes de explicar. Esta inteligência inata, independente da instrução, levando em conta a política educacional do país fica fácil compreender. Mas, a declaração do ministro da cultura Gilberto Gil, deixa bastante a desejar, vejamos:
“A Bahia não fica no nordeste...Bahia é Bahia...”. Ainda que levemos em consideração o fato que no Estado tenha a primeira capital do país (1549), das escolas de samba terem, obrigatoriamente, ala de baianas, do nordeste ter forte influencia cultural em todo país, já que seus filhos, por natureza e vida dura, trabalham pesadamente, por salários muitas vezes desumanos, nas outras regiões do país. A mal fadada declaração foi dada em Teresina, Piauí em contrapartida a petista Luzanira de Sousa, presidente da Secretária de Assistência Social no município de Picos, sul do Piauí, contestou aos gritos: "O Piauí é o Piauí". Sim, São Paulo é São Paulo, Rio é Rio e assim por diante.
Esse papo de cult, futebol cult, chopp cult, estado cult... Me parece coisa de quem não tem lá um compromisso muito sério e real com a cultura. Porque faz parte da cultura do Rio os papos de fim de tarde nos botecos espalhados pelo Centro da cidade, o chimarrão no Sul, a buchada no nordeste. E, perdão Ministro, “eu te amo” não é cultural, é sentimento e nada tem a ver com as asnises geográficas ditas pelo governo. A Bahia fica sim no nordeste! Mas como estou ficando velha e tudo é mutável, vou perguntar à minha filha, que na escola estuda as regiões, onde fica a Bahia! Mas, quando aprendi, era assim:
Região nordeste: Formada pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, a maior parte desta região está em um extenso planalto. Encontra-se dividida em sub-regiões: meio-norte, zona da mata, agreste e sertão.
Isso só poderia ser mudado se cortássemos a Bahia do mapa e a colocássemos no lugar de preferência do ministro, onde seria? No Rio...Muito violento! São Paulo...Muito cinza! Rio Grande do Sul...Muito Frio! Então vamos deixar o nordeste onde esta, com suas praia perfeitas, seu povo alegre apesar de sofrido, ao ministro fica o pedido amoroso, que é mesmo cultural: “Mostre à cultura ao que veio, deixe a geografia para quem faz da educação sua arte.”

(*) Foto: Elevador Lacerda, Salvador - BA

5 comentários:

Anônimo disse...

Uma das mais profundas elubrações filosóficas veio de um carioca,Neném Prancha, "Flamengo é Flamengo e Vasco é Vasco". Tal conceito só perdeu para uma moradora, que quando do afair Ronaldo, produziu outro lapidar pensamento, "Como é que o Ronaldo, carioca de Bento Ribeiro paga um mico desse!".
Baiano por baiano fico com Dorival Caymi, um bom baiano sem frescura.
Atentai bem, eu nasci lá em Caravelas, vivo agora em Vila Velha, município separado de Vitória por uma ponte, e com belas praias também,vigiado lá do alto pelo Convento da Penha.
Sou brasileiro.
(Giulio se vc tiver Google Earth dê uma olhada na nossa Praia da Costa,Itapõa, Itaparica).

Skorpio disse...

O ministro deveria também deixar de usar o cargo de ministro para se autopromover como artista.
Nesse tempo todo em que "está" ministro ainda não fez nada de significativo para a cultura, além de desrespeitar a liturgia do cargo, dançando capoeira em solenidades e coisa e tal e, é claro, como todo ocupante de desse desgoverno, falando bobagens.
Nada contra o artista, até gosto de suas músicas, de seu estilo, mas como artista é um ministro e como ministro é um sinistro.
Isso me lembra o tempo em que ainda atuava na indústria, quando tínhamnos o cuidado ao promover algum funcionário, para não corrermos o risco de ao promover, perdermos um bom funcionário e ganharmos um péssimo supervisor.
É o caso, um bom artista e um péssimo ministro.
Por essas e outras que baiano por baiano sou mais o Caetano.

Skorpio disse...

Aproveito para dizer ao Marreta que admiro muito seu estado. Visitei-o quando tinha 10 anos de idade, lá se vai tempo pois já estou com 58. Lembro-me bem de Cachoeiro do Itapemirim, de Vitória.
Pretendo voltar a visitar o lindo estado do Espírito Santo. Visito pela internet, pois tenho o hábito de fazer turismo pela internet, salvando imagens bonitas desse nosso belo Brasil, atualmente transformado em um grande bananão pelos nossos políticos safados.
Vi uma imagem de uma cidade, acho que Anchienta, preciso confirmar, que tem um hotel em uma colina, com vistas para o mar que é de deixar cair o queixo, de tão belo. Esse é o meu projeto, de lá dar uma esticada até a bela Vitória e lógico, até Vila Velha. Guarapari é uma jóia. Ainda hoje vou dar uma visitada no site de Vila Velha para apreciar suas belezas.
Parabéns Marreta, belo estado você tem. E gente boa também, pois tenho bons amigos capixabas aqui na minha São José dos Campos. Embora eu seja papa-goiaba, adotei essa terra como minha e que é a terra natal de minha filha e meu netinho Dudu, e onde resido a 32 anos. Ainda nessa semana descobri que o mais competente técnico em reparos de geladeiras, lavadouras e etc e tal aqui da Capital do Vale do Paraíba, meu bom amigo João, é espírito-santense, bom capixaba, gente finíssima.
Aquele abraço Marreta.

Anônimo disse...

Alô Skorpio, retribuo o abraço.
Na verdade a colocação da minha cidade foi uma resposta ,dentro do artigo da Fabiana, ao Giulio que por email pediu que eu falasse de minha cidade, e aproveitei para colocar uma pitada de ufanismo.
Fabiana me permita mais um pouco; Skorpio, não sei se o termo é ufanismo,é uma sensação diferente,quando no final da década de 80, sobrevoei a região norte onde vi do alto o Rio Tocantins e o Araguaia, a selva imensa, senti um tremor no corpo e aquela sensação que não sei explicar, "Meu Deus isso tudo é nosso!".
Vivemos num país lindo, apesar dos rumos nefastos que esse governo impõe. Mas isso há de mudar.
Queira Deus.

Skorpio disse...

Pois é meu caro Marreta, ouso dizer que hoje nem o ufanismo nos permitem mais. Coincidentemente também na década de 80 eu fui a Manaus. Lá fiquei por uma semana. Saí de São Paulo à noite, por volta de 20 horas eu creio, já não me lembro bem. Recordo-me da minha estupefação, tanto na ida como na volta. Foi quando me dei conta das dimensões de meu país. Horas de vôo para chegar a Manaus. Voltei de dia, e então pude sentir a imensidão. Só floresta, verde e mais verde, esporádicamente uma clareira, uma fumacinha (já naquela época). Amedrontei-me até: "E se esse pássaro cai aqui e ainda que sobrevivamos, quem nos achará nessa imensidão de floresta?". Senti orgulho de ser o dono de tudo aquilo. Quando chegamos a São Paulo, a minha querida e amada São Paulo, era noite e isso possibilitou, mais do que se fosse dia, ver que estupidez era aquela metrópole, luzers até onde meus olhos alcançavam. O avião voou e voou até chegar ao aeroporto de Congonhas e nada de acabar a minha São Paulo.
Que imensidão de cidade.
Mas agora eles nos tomaram aquilo que nos era mais preciosos, o orgulho, o ufanismo sadio, a dignidade. Já nem tenho a certeza de ser dono sequer de mim mesmo nesse país. Tudo que nos resta é o lamento nesse blog, que ainda nos permitem e até quando não sei.
Acho que se fizer a mesma rota que fiz nos anos 80, tudo que verei é a plantação de soja do Brairo.
Nem sei como está Manaus hoje, e pelo andar da carruagem, acho que nem devo saber.