Por Adriana Vandoni
Eu venho avisando desde o começo do ano, mas não acreditaram em mim! Quando!, diziam uns. Não é possível!, diziam outros. Estão todos se sentindo traídos, mas eu sempre disse que o empresário Blairo Maggi (PPS - reeleito governador de MT), reeleito governador, iria apoiar Lula. Contei aqui de uma reunião entre Lula e Blairo, logo após ter pressionado Roberto Freire a abrir mão da candidatura. Recebi dezenas de e-mails indignados: “imagine, Blairo apoiar Lula que quase acabou com o estado!, Blairo é do setor rural!” Eu respondi a todos que eles estavam enganados, Blairo não é do setor rural, ele já é apenas a ponta dessa cadeia produtiva. Seu lado agricultor já não é a base dos seus negócios. Ele é um financiador, um banqueiro do setor rural.
Vamos analisar as desculpas dadas para esse apoio:
1- Lula se comprometeu a pagar R$ 124 milhões referentes a uma dívida da União com Mato Grosso, de 1979, época da divisão do estado. Além de, segundo o próprio empresário Blairo: “estamos com projetos encaminhados em todos os ministérios, então eu acho que uma mudança de governo agora pode atrasar tudo de novo”.
Bem, se Lula negociou verba da União em troca de apoio, socorro TSE!, Alôôu STF! Isso é crime eleitoral. Uso da máquina pública.
2- O apoio a Lula é sinal de que o empresário Blairo “procura colocar o interesse do Estado acima do interesse dos produtores rurais”.
Virou petista? Isso é bravata! Quais são os interesses do estado senão garantir condições dignas para que os produtores rurais produzam, gerem empregos e a nossa economia volte a crescer? Lá vem novamente a síndrome de ponta da cadeia produtiva.
3- A leitura dos políticos que assessoram o empresário, reeleito governador, é de que caso Lula ganhe, Bçairo terá uma interlocução direta com o presidente. Caso Geraldo Alckmin ganhe, a interlocução será feita pelos senadores do PFL.
Isso tem outro nome: ser murista, que parece ser a sua estratégia.
Ah!, Me poupem! A verdade é que o empresário/governador sempre teve uma dificuldade tremenda em tomar posições, em assumir suas opiniões. Pratica uma espécie de jogral de idéias. Ele fala uma coisa, a primeira-dama fala outra e o primeiro ministro desfala tudo e fala outra coisa completamente diferente, daí volta tudo novamente. O empresário/governador fala uma coisa, a primeira-dama fala outra e o primeiro ministro desfala tudo e fala outra coisa completamente diferente. E assim ele foi cozinhando os desatentos.
Falta de coerência é um dos piores males de um homem. É a prostituição dos ideais, a flexibilização do caráter, afinal de contas, quantas vezes o vimos falando mal de Lula.
Como disse Roberto Freire, presidente nacional do PPS: “Melhor perder o Maggi do que o respeito”. E é isso que a população que o reelegeu deve estar sentindo. O empresário foi reeleito governador de forma democrática, legitimado através do voto do cidadão deste estado e com o fundamental apoio do setor rural. O que está em jogo não é o empresário declarar apoio a Geraldo Alckmin, ele deve ter lá suas razões para apoiar Lula, isso não é o mais importante. O que a população merece é que ele assuma aqui, claramente, diante dos seus eleitores a sua opção por Lula. Acredito que aqueles que por convicção o reelegeram merecem saber o que pensa e como age o seu escolhido. Do contrário, certamente pensarão: entregamos a direção do estado a um homem que quando define seu posicionamento é guiado por interesses que não condizem com as nossas necessidades e nem nos comunica.
A coisa mais deprimente é ver um homem que não sustenta em pé o que diz sentado. Eu o vi sentado no palanque ao lado de Geraldo Alckmin, levantar-se e dizer que “Geraldo é o melhor para o estado”, isso diante de uma imensa platéia de produtores rurais.
E não me venha novamente agora com aquela hipocrisia de se manter neutro. Político neutro? Empresário, ainda vá lá! Mas “Vossa Excelência” é um empresário ou um político?
Ora governador, respeite seus eleitores! Ora empresário, dê-se ao respeito!
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