Quando após 09/11 as televisões começaram a mostrar a massa de pessoas que abandonaram seus afazeres em todo o território americano para auxiliar as obras de busca e salvamento, para ajudar com limpeza ou mesmo para preparar refeições para os policiais e bombeiros encarregados das ações necessárias naquele momento a visão da cobertura de TV mostrava o efeito sobre as famílias das vítimas das torres, mais as centenas de bombeiros e policiais que acorreram após o primeiro choque.
Já na ocasião me veio à mente a idéia de que a "Fanfarra Para o Homem Comum" de Aaron Copland, algo como três minutos de música solene, seriam o epitáfio correto para o que assistíamos. Posteriormente ao longo de algumas das cerimônias ouvi na própria TV ocasionalmente o uso dessa música em fundo musical.
Sabemos que no mundo, em lugares como Darfur, e outros, ocorrem mortandade e fome, populações são reduzidas a nada, algumas pessoas tentam ajudar sempre, mas o evento de 09/11 é um dos poucos que foi compartilhado, que nos levou a sentir que devíamos estar lá, fritando um ovo para um bombeiro ou carregando água para o seu lugar de trabalho. Estava desde o primeiro momento em todas as TVs, em todos os jornais e em todas as revistas. Creio que nada, nem mesmo o desastre de Nova Orleans também coberto à saciedade pela imprensa passou uma sensação tão séria. Nova Orleans tinha tantos necessitados que não víamos espaço senão para profissionais.
E quem é o Homem Comum? Somos nós. Todos aqueles que compõem uma população. Aqueles que esperam responsabilidade de seu governo. Aqueles que supõem até prova em contrário que seus governantes consigam enterrar suas diferenças pelo bem comum.
Só que constata-se que nada disto é verdade. Há o Homem Comum. Mas os governantes não são o Homem Comum. Nem são Homens Especiais. São homens que se dedicaram à política. Sua carreira é ser político. Enquanto um homem comum pode se sobressair sendo um operário modelo, um doutorado especial, um mecânico muito hábil, ou borracheiro idem, o Homem Político se dedica à política. Estuda como se manter no poder. E, sendo esta sua missão na vida, como dali tirar o maior proveito possível seja em, termos de status e de fortuna pessoal. O Homem Comum não interessa a ele, senão como assunto de discurso.
Esta é a única explicação para partidos que se vendem ante ameaças reais à pátria, que garantem para os seus asseclas cargos em troca de votos, que ante a possibilidade de não terem uma fatia de poder se agarram com unhas e dentes a qualquer expediente. Lembro-me que ao tempo que Sarney garantiu seu quinto ano no poder um amigo comentou: "Parece-me ver o Sarney escorregando por uma placa de aço e deixando-a marcada com as unhas para não escorregar do poder."
Dito isto, apreciem as nulidades que teoricamente serão os ministros deste país por mais 3 anos e meio.
E procurem um CD da "Fanfare for the Common Man" de Aaron Copland, para de vez em quando lembrar da grandiosidade do Homem Comum.
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