28 de mar. de 2007

Natal é Uma Festa

Por Laurence Bittencourt Leite
Natal é uma cidade assombrosa. Bem, fazemos parte do Nordeste, essa terra esquecida por Deus, para alguns, e dominada por políticos, para outros. Jesus Christ! Não precisa dizer mais nada. Figa, figa, figa. Mas olhem só que a filial da TV SBT aqui do estado, na comemoração dos seus vinte anos (a emissora é de propriedade do ex-senador Calos Alberto, já falecido, e comandada hoje por sua filha, jornalista e eleita agora deputada estadual) convidou para ser a “grande estrela” da festa a apresentadora Hebe Camargo. Ok, até ai, tudo bem.
Mas olhem só e pensem: uma televisão aberta se suspeitaria que tivesse entre os convidados (as estrelas) locais principais, os artistas da terra, gente que incentiva a cultura, pessoas ligadas ao esporte, pessoas de talento, empreendedores, ou ainda jornalistas, vá lá (toc, toc, toc). Mas os artistas que marcaram presença não só no local, mas principalmente na folhas locais foram: 1) político; 2) político; 3) político; 4) político; 5) político. E alguns ainda dizem por aqui que o coronelismo acabou. Eta subserviência à classe política. Jesus, Jesus.
Isso muda? Nem que a vaca tussa. Nem que a vaca tussa. Caetano Veloso dizia que o Rio de Janeiro só era o que era devido a Rede Globo. A questão que Caetano devia perguntar era porque a Rede Globo estava no Rio e não em Salvador. Mas ai é querer demais. Logo, é mais fácil colocar a culpa nos outros. O Nordeste é um atraso monumental devido ao coronelismo. E a comemoração dos 20 da filial do SBT mostrou isso de uma forma inequívoca.
E para completar o quadro, aqui só se fala, imagine, se a passagem de Hebe em Natal vai ajudar a governadora e os candidatos ligados ao governo nas próximas eleições. Pode isso? Pode? Pobre povo! Massa de manobra. Na verdade, nada de povo, picas de povo. E ainda reclamam do nosso atraso. Quem é o responsável por ele? Deixa pra lá. Jesus! Isso é vergonhoso. Vergonhosissimo.
Mas o oba-oba político não pára ai. Agora estão (eles, os políticos e os assessores formais e informais) fazendo um escarcéu em torno do paquizinho (foi assim que o presidente Lula disse que cada estado fizesse o seu) estadual, ou seja, o PAC elaborado e lançado com toda pompa pelo governo do estado, chamado de “Agenda do Crescimento”. Falam em investimentos da ordem de 15 bilhões de reais. Você acredita leitor? Segundo o próprio secretário de Planejamento do Estado, o governo entrará com 6 bilhões, o que claro, subtende-se que o restante seja ou federal, ou de organismo públicos estrangeiros, e da iniciativa privada. No Brasil se anuncia as coisas, para depois saber de onde vêem os recursos. Você também acredita nisso, leitor? E tome planejamento.
Agora prestem atenção. Chega a ser hilário. O mesmo secretário de planejamento disse em entrevista que o governo irá enviar á Assembléia Legislativa do Estado, as medidas que o governo quer aprovar para poder realizar a Agenda de Crescimento. E quais medidas são essas: medidas de caráter tributário, alterações do Plano Plurianual (2004 - 2007) e mudanças da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Ele ainda acrescentou que serão enviadas à Assembléia revisões nas regulamentações referentes à outorga da água e às licenças ambientais, como também que serão enviadas as versões (sic) das medidas regulamentares da Agenda anunciada. Por fim, acrescentou que o envio não será feito todo de uma vez porque partirá de áreas distintas do governo. Pergunta: e o dinheiro? E os 15 bilhões? E, vá lá, os 6 bilhões? Mas os deputados da situação estão fazendo um oba-oba sem fim, como se a coisa “agora fosse”., com a ajuda das assessorias oficiais e não oficiais. Resta parodiar um escritor famoso e falecido: Natal é uma festa!
laurencebleite@zipmail.com.br

Um comentário:

Abreu disse...

Giulio,

A resposta?
Está na própria pergunta do Lawrence, veja só: «...Pobre povo! Massa de manobra. Na verdade, nada de povo, picas de povo. E ainda reclamam do nosso atraso. Quem é o responsável por ele? Deixa pra lá. Jesus! Isso é vergonhoso. Vergonhosissimo.»
Êta povinho idota, servil, bundão!
O culpado, portanto, é o próprio povo que se submete, conduz e reconduz seus algozes ao patíbulo — não para serem imolados, mas para que, na condição de algozes, sacrifiqueem as bestas desses mesmos eleitores.
Assim sendo, azar dele, o povo [nós]!