16 de mar. de 2007

O preço vil da ingratidão

Por Pedro Oliveira Jornalista e Presidente do Instituto Cidadão.

Para o homem de coração, as decepções oriundas da ingratidão e da fragilidade dos laços da amizade são também uma fonte de amarguras. Porém, deveis lastimar os ingratos e os infiéis: serão muito mais infelizes do que vós. A ingratidão é filha do egoísmo e o egoísta topará mais tarde com corações insensíveis, como o seu próprio o foi. [9a p.435 q.937]
Sempre ouvia de meu velho e saudoso pai, Nezinho, seu desprezo por dois tipos de homem: o desonesto e o ingrato. E a vida foi me mostrando o quanto ele tinha razão em suas sábias palavras e conduta de vida. Recentemente ouvia de uma pessoa amiga o desabafo sobre um ato vil e traiçoeiro praticado por um suposto seu amigo e que lhe atingiu em cheio a alma e o coração. Contava-me ele que por muitos anos protegeu alguém que ele imaginava merecedor de sua dedicação, seu apoio em todos os sentidos. Esteve ao seu lado nos momentos mais difíceis e dividiu com ele muitas passagens de sua vida.
Não tem recursos, é um profissional assalariado, mas por diversas vezes supriu as necessidades do suposto amigo, ajudando a alimentar a ele e sua família. Nunca teve condições de lhe empregar e lhe dar sustento direto, mas ao longo dos anos conseguiu vários empregos para o companheiro. Usou do seu prestigio pessoal para dar a ele a oportunidade de trabalhar e prover o sustento de sua família. Foi solidário em todos os seus momentos difíceis. Em uma enfermidade grave de uma de suas filhas foi o mais solidário, ajudou e o amparou. Em outro momento uma pessoa do amigo sofreu graves e conseqüentes acusações. Ficou ao seu lado e promoveu todas as defesas possíveis. Infelizmente essa pessoa não conseguiu provar sua inocência. Conta-me ele outro episódio, cujo envolvimento terminou na Policia Federal. Neste nada pode fazer, mas estava ao seu lado, com a mão estendida para lhe apoiar. E foram tantos os favores, as atenções que não dá para listar.
Ainda ressalta o meu bom amigo: “ Quem se doa, em beneficio de um amigo, de um necessitado, jamais pensa em retribuição. A recompensa está na próxima doação, já que quando assim fazemos, assumimos nossa filiação divina, habilitando-nos a receber em plenitude as bênçãos de Deus, que não se perturba com os ingratos, nem deixa de atendê-los, porquanto, como ensina Jesus, “faz nascer o sol para bons e maus e descer a chuva sobre justos e injustos”. O Mestre demonstrou, em inúmeras circunstancias, que, se o amor persevera, o ingrato acabará defrontando-se com a própria consciência, que lhe imporá irresistíveis impulsos de renovação” Não concordo muito com esse seu espírito de doação, mas respeito.
Pois bem: qual o escorpião e sua sanha traiçoeira o suposto amigo cometeu o mais deplorável ato de covardia e indignidade para com quem durante sua vida somente o ajudou. Agiu com desonestidade e má fé diante do companheiro de todas as horas, diante do pai que lhe faltou, feriu de morte uma amizade construída à base de lealdade e dedicação. Desconstruiu, por fraqueza de caráter, uma história que muitos conhecem e indignados desprezam e condenam sua ingratidão, que como dizia Machado de Assis “é um direito do qual jamais se deve fazer uso”.
Pediu-me o amigo um conselho e eu apenas lhe disse para “deletar” de sua vida a pessoa e o fato, pois como nos ensina o grande Chico Xavier: “Se o ingrato percebesse o fel da amargura que lhe invadirá, mais tarde o coração, não perpetuaria o delito da maldade e da ingratidão”.

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