18 de mar. de 2007

Política Nas Américas

Por Peter Wilm Rosenfeld

É realmente sombria a perspectiva das Américas do Sul e do Centro, para quem é genuinamente democrata.
Na Argentina, o Presidente Néstor Kirchner se comporta como um Perón redivivo, centralizando cada vez mais o poder, anulando o Congresso e o Judiciário e já preparando sua sucessão: a Sra. Kirchner. Após tantos anos de restauração da democracia (que, diga-se de passagem, nunca funcionou plenamente no País, pois houve deposição e renúncia de Presidentes), as mães da Praça de Mayo continuam a reclamar, freqüentemente há panelaços e, não bastasse tudo isso, o Sr. Hugo Chávez é tolerado fazendo discursos inflamados, com medíocre oratória, contra os Estados Unidos.
O Paraguai ameaça seguir o exemplo da Bolívia. Um de seus candidatos à Presidência já declarou que seu primeiro ato, se eleito, será exigir a renegociação dos preços da energia gerada por Itaipu. Como é sabido, metade dessa energia pertence ao Paraguai, que vende a maior parte ao Brasil, por não ter demanda doméstica significativa.
No Equador acaba de ser eleito um Presidente (Rafael Correa) que está tentando, por todos os meios, silenciar ou anular o Congresso e o Judiciário. Claro que com o apoio do auto-proclamado Rei do Petróleo, Hugo Chávez.
Na Bolívia nós, brasileiros, sabemos muito bem o que já aconteceu e, certamente continuará acontecendo: o índio Evo Morales começou por extorquir o Brasil, desapropriando instalações da Petrobrás, desrespeitando o contrato de fornecimento do gás com aumentos não previstos no documento formal; Congresso e Judiciário já não existem mais para todos os efeitos. Por trás disso tudo a figura de Hugo Chávez. E o Pai de Todos, Luiz Ignácio da Silva, ainda faz uma “doação de Us$ 20 milhões (vinte milhões de dólares), além de aceitar todas as imposições da Bolívia.
Da Venezuela nem é preciso falar. As instituições deixaram de existir, quem domina é o Imperador e bufão Hugo Chávez. Pergunto-me o que aconteceria com a Venezuela se, de um dia para outro, os Estados Unidos suspendessem totalmente suas compras de petróleo da Venezuela. Poderiam fazê-lo, com certeza. O que seria do bufão?
Na América Central, a bola da vez é a Nicarágua, com o Presidente Daniel Ortega (quem não se lembra dele?) novamente no comando do País.
De Cuba também não é preciso falar. Está sendo oficialmente governado por um Vice-Presidente, já que o Governo não tem a coragem de dizer que o ditador Fidel Castro não mais pode exercer o poder. E ninguém fala das dezenas de milhares de cubanos que foram assassinados pelo regime; outras tantas dezenas de milhares de pessoas fugiram da ilha, tendo como destino principal os EE.UU. E o curioso é que não se sabe de pessoas que deliberadamente deixaram seus países para viverem no paraíso cubano...(que grande parte da intelectualidade brasileira admira !).
Finalmente, no Brasil temos o Presidente do ponto “G”, dizendo bobagens e demonstrando sua ignorância cada vez que fala de improviso. Seu sonho secreto é o de se tornar o Chávez do Brasil. E o sonho de seu partido é o de suprimir todas as liberdades individuais, calar a imprensa, tornar-se legislador e juiz, enfim, regredir aos tempos das ditaduras de Getúlio Vargas e a dos militares. Aliás, já conseguiu cooptar quase todos os partidos (partidos?) políticos, o Supremo Tribunal Federal e, certamente, continuará nesse esforço. Por enquanto ainda temos imprensa livre. Curiosa e felizmente, a grande, imensa, maioria dos cientistas políticos vêem esse perigo e vêm denunciando-o e nos alertando enfaticamente.
Mas nem tudo é ruim. O Presidente do Uruguai, Dr Tabaré Vázques; a Presidente do Chile, Sra. Michele Bachelet; o Presidente da Colômbia, Sr. Álvaro Uribe Véles e alguns outros são agradáveis surpresas em uma área (das duas Américas já mencionadas) tão propensas a manobras castristas visando a tomada do Poder.
Sem falar na longeva democracia da Costa Rica, presidida pelo Sr. Oscar Rafael de Jesús Arias, que se dá ao luxo de nem ter exército, que deveria servir de exemplo para todos os países, principalmente para os das Américas.
Por tudo o que descrevi acima; pelo imenso esforço (inclusive em $$$) que o Sr. Chávez vem fazendo para subverter a ordem interna dos países, inclusive desrespeitando-os de todas as maneiras (na ONU se portou de forma vergonhosa, ofendendo pessoas e instituições; no Brasil criticou um jornal brasileiro – O Globo, rasgando-o em um comício), é que temo pelo futuro da América Latina.
Qual será a origem dessa tendência latino-americana de aceitar regimes discricionários? Talvez uma herança maldita de nossos ancestrais espanhóis e portugueses, que sofreram regimes ditatoriais por longo tempo. Mas há já igualmente muito tempo tornaram-se democráticos, com o que puderam crescer e progredir economicamente, com enormes benefícios para seus povos.
Será que queremos voltar no tempo e instalar aqui regimes como o de Salazar em Portugal e o de Franco na Espanha?

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