28 de abr. de 2007

Mais um investigado no governo

Deu na coluna do Noblat ontem que o indicado por Lula para ocupar a diretoria do Dnit é, digamos, mais um do time dos indicados. É investigado pelo Ministério Público e otras, cositas que vamos aos poucos informando. Para quem não se lembra, Pagot é aquele que possui uma amizade “multimodal” com seu futuro patrão, Ministro Alfredo Nascimento.
Lula escolhe seu pessoal analisando a folha corrida e não o currículo.

Ministério Público investiga indicado para diretor do DNIT

O Ministério Público do Mato Grosso investiga um negócio suspeito feito em 2003 pelo atual Secretário de Educação de Mato Grosso, o economista Luiz Antônio Pagot, indicado por Lula em mensagem enviada ontem ao Senado para ocupar o cargo de Diretor Geral do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT), responsável por um orçamento de R$ 8 bilhões. Na época, Pagot era Secretário de Infra-Estrutura do primeiro governo Blairo Maggi. Morou de graça durante um ano e dez meses em apartamento mobiliado cujo dono era Moacir Pires, secretário do Meio Ambiente e presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fema) de Mato Grosso. Depois levou dois anos e seis meses para comprar o apartamento de Pires. Pagou o apartamento em suaves prestações - sempre em dinheiro que, segundo ele, guardava em casa. Pagot não pediu e nem Pires lhe deu recibos.
A empresa Projetus Engenharia Comércio e Transportes, que o Ministério Público tem certeza que pertence a Pires, ganhou da secretaria de Pagot contratos sem licitação. Pires foi demitido do governo em junho de 2005.
No dia 2 daquele mês, Pires e mais 123 pessoas tiveram sua prisão preventiva decretada pela Justiça por extração ilegal de madeira em diversos Estados. Pires foi acusado de conceder ilegalmente Autorizações para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs).
Quando o prendeu, a Polícia Federal descobriu o negócio suspeito do apartamento vendido por Pires a Pagot. O Ministério Público tomou o depoimento de Pagot no dia 6 de setembro de 2005. Foi quando conheceu em detalhes a versão do negócio de pai para filho feito entre ele e Pires. Cedo a palavra a Pagot e me reservo o direito de comentá-la aqui e ali: (leia abaixo trechos do depoimento)
- Que logo no primeiro semestre de 2003 conversou com Moacir Pires, quando este lhe ofereceu para aluguel um apartamento no edifício Giardino de Roma, nesta capital [Cuiabá]; - Que inicialmente Moacir Pires queria vender o imóvel ao declarante, porém, como naquele momento o depoente não tinha condições financeiras para adquirir o apartamento, foi acordado entre ambos que o declarante ocupasse o imóvel até que pudesse pagá-lo;
[ Quanto generosidade!!! ]
- Que em dezembro de 2003, o depoente foi procurado por Moacir Pires, que dessa vez lhe disse da necessidade de vender o imóvel, tendo estipulado o preço em R$ 250 mil;
[Pagot disse que estava duro e se prontificou em desocupar o apartamento. Novamente o generoso Pires deixou o assunto para lá - e o apartamento com Pagot.]
- que em abril de 2004 Pagot “ofereceu R$ 180 mil pelo apartamento, dois quais R$ 80 mil seriam pagos no decorrer do ano de 2004, e R$ 100 mil durante o ano de 2005”;
- A proposta não “foi aceita prontamente por Moacir”, disse Pagot no depoimento ao Ministério Público. No entanto, “numa outra ocasião”, eles firmaram o negócio.
- Foi assim fixado o preço do apartamento: R$ 205 mil, dos quais R$ 180 mil quitariam o imóvel e R$ 25 mil, no que nele tinha dentro, como aparelhos eletrônicos de primeira linha, jogo de quarto, cozinha, sofá, entre outras mobílias.
- Moacir quis aumentar em R$ 15 mil o negócio, mas desistiu depois.
- Luiz Pagot contou ter quitado o imóvel em parcelas: R$ 60 mil em outubro de 2004, R$ 20 mil em janeiro de 2005 e entre “janeiro e junho de 2005”, segundo o interrogatório “o depoente pagou, parceladamente, em quantias desiguais, um total de R$ 100 mil (sem juros)”.
O depoimento foi dado em setembro de 2005 e, na época, Pagot ainda devia R$ 25 mil para Moacir Pires. Contudo, o apartamento já havia sido escriturado em nome de Pagot.
Um dado curioso do negócio que envolveu Pires e Pagot. As parcelas que somaram R$ 180 mil foram entregues a Pires em dinheiro vivo.
Um outro detalhe: o secretário Luiz Pagot não pegou nem sequer um recibo indicando a quantia paga.
Note o que disse Pagot ao Ministério Público: “que das quantias pagas pelo depoente (Pagot), apenas cerca de R$ 30 mil foram retirados da sua conta corrente, sendo que o restante foi sacado de valores que guardava em casa.

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