Por Pedro Oliveira - Jornalista e presidente do Instituto Cidadão.
(Brasília) Durante vários dias se travou um debate no interior da Câmara dos Deputados e este tema ganhou as ruas, os jornais, as rádios e televisões como se fosse a coisa mais importante a ser discutida naquela casa do Congresso.Se podia ver de tudo: do arrogante ao humilde de opinião,dos “chiliques saltitantes” aos que arrotam uma suposta intolerância com o politicamente incorreto, mas que caminham pelos trilhos da malandragem e da hipocrisia.Mais uma vez o plenário,os corredores e os gabinetes dos parlamentares juntos formavam uma encenação patética digna de um picadeiro de um circo.
O tema: o chapéu de couro do deputado Edimar Mão Branca, do PV da Bahia. Cidadão humilde, cantor de forró, eleito com pouco mais de 20 mil votos e que assumiu o mandato graças ao afastamento do ex anti-Lula e hoje serviçal do poder Geddel Vieira Lima, ministro da Integração Nacional, na quota podre do PMDB do mal.
O Brasil inteiro foi mobilizado em torno do ridículo tema de um chapéu de couro. Pode ou não pode ser usado no plenário da Câmara? Milhares de internautas a postos, emissoras de rádio e TV com transmissões ao vivo, reuniões de comissões, entrevistas com figuras expressivas da política brasileira. Tudo por causa de um chapéu feio e mal cheiroso.
Em meio a todo esse imbróglio parece que o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia, descobriu a pólvora e saiu com esta: "Não é um tema que eu creio que deva merecer atenção e ser notícia nacional. Vestimenta dos deputados não é tema de interesse nacional", afirmou. O exótico deputado Clodovil Hernandez também deu o seu parecer: “Um homem bem educado não usa chapéu em ambiente coberto". E a própria vitima fez a sua defesa: "É uma perda de tempo discutir isso no Brasil. Parece uma coisa preconceituosa", afirmou. “Vim até essa Casa para lutar por dias melhores para o meu povo”. E o tema foi noticia nacional em um parlamento que tem muito pouco de história digna para contar e nenhum serviço para mostrar.
Agora o feriado é oficial
Os ilustres deputados federais nunca trabalharam nas segundas e muito menos nas sextas feiras. Semana de parlamentar é de terça a quinta, com longos intervalos para bate papos, cafezinhos, futricas, “arrumações”, e mais tarde um bom uísque, uma namoradinha para os que podem ou para os que devem. A noite de Brasília é uma festa só!
Mas agora a Câmara resolveu oficializar esse feriado imoral que afronta a sociedade trabalhadora . A decisão foi um ato da Mesa, mas com o apoio da esmagadora maioria dos ilustres deputados, que ganham muito e trabalham quase nada. Qual o cidadão brasileiro que trabalha somente três dias por semana, com direito a um supersalário e robustas mordomias?Alguns jogando para a platéia chegaram a se manifestar contra, mas adoraram a sacanagem explícita.
O presidente da Câmara, cada dia mais desgastado, vai tentando empurrar com a barriga os problemas que jogam lama na imagem corrompida do Legislativo brasileiro. Os seus parceiros o acusam de faltar com a palavra e não honrar os compromissos de quando era candidato ao cargo. Os compromissos: aumento de salários, das mordomias e acordos para beneficiar parlamentares e “ferrar” com o erário. Tudo numa boa.
Do que adianta tanta pompa no vestir, no trajar “adequadamente”? Para que serve a liturgia do cargo e o brilho dos plenários, se as almas estão podres, os corações vazios e as intenções putrefatas? Este é o Parlamento que temos. Mas com toda certeza não é o que merecemos.
Um comentário:
Do que adianta tanta pompa no vestir, no trajar “adequadamente”? Para que serve a liturgia do cargo e o brilho dos plenários, se as almas estão podres, os corações vazios e as intenções putrefatas? Este é o Parlamento que temos. Mas com toda certeza não é o que merecemos.
É uma piada assistir pela TV a uma sessão do Senado. É excrecência pra lá e e excrecência pra cá.
Todo mundo é cu(r)to. Marcola também o é.
Sir William Shakespeare é lembrado / citado a todo momento.
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