(Brasília) Durante vários dias se travou um debate no interior da Câmara dos Deputados e este tema ganhou as ruas, os jornais, as rádios e televisões como se fosse a coisa mais importante a ser discutida naquela casa do Congresso.Se podia ver de tudo: do arrogante ao humilde de opinião,dos “chiliques saltitantes” aos que arrotam uma suposta intolerância com o politicamente incorreto, mas que caminham pelos trilhos da malandragem e da hipocrisia.Mais uma vez o plenário,os corredores e os gabinetes dos parlamentares juntos formavam uma encenação patética digna de um picadeiro de um circo.
O tema: o chapéu de couro do deputado Edimar Mão Branca, do PV da Bahia. Cidadão humilde,
cantor de forró, eleito com pouco mais de 20 mil votos e que assumiu o mandato graças ao afastamento do ex anti-Lula e hoje serviçal do poder Geddel Vieira Lima, ministro da Integração Nacional, na quota podre do PMDB do mal.O Brasil inteiro foi mobilizado em torno do ridículo tema de um chapéu de couro. Pode ou não pode ser usado no plenário da Câmara? Milhares de internautas a postos, emissoras de rádio e TV com transmissões ao vivo, reuniões de comissões, entrevistas com figuras expressivas da política brasileira. Tudo por causa de um chapéu feio e mal cheiroso.
Em meio a todo esse imbróglio parece que o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia, descobriu a pólvora e saiu com esta: "Não é um tema que eu creio que deva merecer atenção e ser notícia nacional. Vestimenta dos deputados não é tema de interesse nacional", afirmou. O exótico deputado Clodovil Hernandez também deu o seu parecer: “Um homem bem educado não usa chapéu em ambiente coberto". E a própria vitima fez a sua defesa: "É uma perda de tempo discutir isso no Brasil. Parece uma coisa preconceituosa", afirmou. “Vim até essa Casa para lutar por dias melhores para o meu povo”. E o tema foi noticia nacional em um parlamento que tem muito pouco de história digna para contar e nenhum serviço para mostrar.
Agora o feriado é oficial
Os ilustres deputados federais nunca trabalharam nas segundas e muito menos nas sextas feiras. Semana de parlamentar é de terça a quinta, com longos intervalos para bate papos, cafezinhos, futricas, “arrumações”, e mais tarde um bom uísque, uma namoradinha para os que podem ou para os que devem. A noite de Brasília é uma festa só!
Mas agora a Câmara resolveu oficializar esse feriado imoral que afronta a sociedade trabalhadora . A decisão foi um ato da Mesa, mas com o apoio da esmagadora maioria dos ilustres deputados, que ganham muito e trabalham quase nada. Qual o cidadão brasileiro que trabalha somente três dias por semana, com direito a um supersalário e robustas mordomias?Alguns jogando para a platéia chegaram a se manifestar contra, mas adoraram a sacanagem explícita.
O presidente da Câmara, cada dia mais desgastado, vai tentando empurrar com a barriga os problemas que jogam lama na imagem corrompida do Legislativo brasileiro. Os seus parceiros o acusam de faltar com a palavra e não honrar os compromissos de quando era candidato ao cargo. Os compromissos: aumento de salários, das mordomias e acordos para beneficiar parlamentares e “ferrar” com o erário. Tudo numa boa.
Do que adianta tanta pompa no vestir, no trajar “adequadamente”? Para que serve a liturgia do cargo e o brilho dos plenários, se as almas estão podres, os corações vazios e as intenções putrefatas? Este é o Parlamento que temos. Mas com toda certeza não é o que merecemos.
Um comentário:
Do que adianta tanta pompa no vestir, no trajar “adequadamente”? Para que serve a liturgia do cargo e o brilho dos plenários, se as almas estão podres, os corações vazios e as intenções putrefatas? Este é o Parlamento que temos. Mas com toda certeza não é o que merecemos.
É uma piada assistir pela TV a uma sessão do Senado. É excrecência pra lá e e excrecência pra cá.
Todo mundo é cu(r)to. Marcola também o é.
Sir William Shakespeare é lembrado / citado a todo momento.
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