24 de mai. de 2007

Automobilismo em 1930

Giulio Sanmartini publica em Direto da Redação, artigo sobre o piloto brasileiro Irineu Corrêa, que morreu durante uma prova de automobilismo no Trampolim do Diabo RJ. (1935)
Na foto Irineu recebendo a bandeirada da vitória em 1934.

A HISTÓRIA DO PILOTO BRASILEIRO QUE ACABOU NO IRAJÁ
No momento em que o Brasil volta a sentir o gostinho da vitória na F-1, com Felipe Massa, vale a pena contar um pouco da história do nosso automobilismo. Para muitos brasileiros, foi o ano de 1972 que marcou o início de uma nova paixão esportiva : o Automobilismo, para ser mais preciso, acompanhar o Campeonato Mundial de Fórmula 1. Foi a ano em que Emerson Fittipaldi conquistou o seu primeiro título, sendo também o primeiro brasileiro a conseguir a façanha. Em 1974, ele ganhou o segundo campeonato, no ano seguinte foi vice, depois lançou-se numa desastrada tentativa, junto com o irmão Wilson, em fazer um carro nacional, o de triste lembrança Copersucar.
Quando parecia que Emerson tinha sido um acidente de percurso na atividade, surgiu Nelson Piquet, vice em 1980 e campeão em 81, 83 e 87. Nesse último ano surgiu aquele que é considerado melhor piloto da história da Fórmula 1: Airton Senna, que foi vice e venceu os de 88, 90 e 91, morrendo em um acidente no ano de 1994. Agora surge na lendária Ferrari, o brasileiro Felipe Massa, que depois de duas vitórias consecutivas, parece estar seguindo as pegadas dos campeões brasileiros que o antecederam.
Todavia, 39 anos antes de Fittipaldi, o automobilismo era uma verdadeira coqueluche (como se dizia na época), especialmente para os cariocas. Num período anterior à televisão, mais de 200 mil pessoas assistiam as corridas no circuito da Gávea.
Vamos a um pouco de história. No dia 8 de outubro de 1933, aconteceu o Primeiro Grande Prêmio da Cidade do Rio de Janeiro, organizado pelo Automóvel Club do Brasil, que foi vencido pelo barão Manoel de Tefé. O vencedor teve que percorrer 20 voltas em um trajeto de 11.160 metros. A largada era na Rua Marquês de São Vicente, em frente ao antigo número 354. De lá, os pilotos ganhavam as avenidas Visconde de Albuquerque e Niemeyer, subiam a Estrada da Gávea, passando pelo trecho que ficou conhecido como Serrinha, e desciam de volta à Rua Marquês de São Vicente. No percurso, as baratinhas (como eram chamados os carros) passavam pelos bairros do Leblon, Gávea, São Conrado, Vidigal e Rocinha.
Em 1951, surgiu um piloto que se tornaria o primeiro ídolo e também o primeiro brasileiro a disputar uma corrida de Fórmula 1: Chico Landi, cujo nome completo era Francisco Sacco Landi. De pai italiano e mãe brasileira (1908/89), ele teve em sua carreira uma história curiosa. Depois de vencer o Grande Prêmio de Bari (Itália) em 1952 (que ele já vencera em 1948), a banda que deveria tocar o hino nacional do piloto vencedor não tinha a partitura do nosso hino. O maestro não teve dúvidas e atacou com uma área da ópera “O Guarani” de Carlos Gomes.
O Circuito da Gávea, devido às dificuldades que apresentava ficou conhecido como Trampolim do Diabo. O “Grande Prêmio” durou até 1954 e nesse circuito correram os grandes pilotos do mundo: Carlo Pintacuda e Achille Varzi; depois com a criação da Fórmula 1, dois grandes campeões:Juan Manoel Fangio e Alberto Ascari, o primeiro com 5 campeonatos mundiais e o segundo com dois. O 2° Grande Prêmio (1934) marcou o primeiro acidente fatal do Trampolim, o brasileiro Nino Crespi, dirigindo um Bugatti, e seu mecânico (na época, alguns pilotos corriam acompanhados de mecânicos), morreram depois de terem sofrido acidente na Rua Marquês de São Vicente. O vencedor desta corrida, foi o petropolitano Irineu Corrêa. No ano seguinte, quando todos esperavam outra vitória de Irineu, logo na primeira volta ele bateu numa árvore, caiu no canal da av. Visconde Albuquerque, e morreu afogado preso às ferragens do carro.
Mesmo tendo vencido somente uma corrida, Irineu tornou-se ídolo dos aficcionados do esporte na época. Sobre sua carreira, conta-se que tenha começado em Petrópolis quando era motorista de táxi, mas atualmente Irineu acabou no Irajá, onde é nome de rua.

2 comentários:

Anônimo disse...

Uma correção: Senna morreu em 1994 e não em 1993

Abreu disse...

Giulio,

Parabéns pela bela lembrança, mas um baita puxão de orelhas pela terrível inverdade quanto à Coopersucar-Fittipaldi. Quer ver só por que?

Faz muito tempo (muitos anos!), navegando pela web, encontrei, copiei e guardei o texto a seguir, que resgata uma verdade incontestável: nós, brasileiros, jamais damos valor a quem efetivamente possui. Confira:

«Equipe Fittipaldi Copersucar de Fórmula 1!!!

Quando o Copersucar estreou, em 1973, eu tinha 17 anos. Daquela época até 1982, quando ela parou, a Fórmula 1 viveu seus tempos áureos. No entanto, a imagem que guardo na lembrança é a do carro brasileiro que vivia quebrando, e nunca chegava ao pódio. Mas isso é verdade?

● Em oito temporadas a equipe acumulou 44 pontos.

● Enquanto isso, a Williams, atual potência da categoria, marcou apenas 21 pontos em seis temporadas (1973-78), antes da chegada do patrocínio milionário dos árabes em 79.

● E tem mais: a Fittipaldi terminou o Mundial de Construtores de 1978 com 17 pontos, à frente da Mclaren, Williams, Renault e Arrows.

Em 1980, acumulou 11 pontos, ficando à frente da Ferrari e Alfa Romeo e empatando com McLaren e Arrows.

● Emerson terminou o campeonato de estréia pela equipe, em 1976, empatado com Carlos Reutemann (Brabham-Alfa Romeo) com 3 pontos; no campeonato de 1978, empatou com Gilles Villeneuve, da Ferrari, e ficou à frente de pilotos da Williams, Renault, McLaren e Tyrrel.

● Já em 1980, chegou junto de Alain Prost da McLaren com 5 pontos (15º na geral) e à frente de pilotos como Mario Andretti, da Lotus.

● A equipe Fittipaldi foi formada por gente como Emerson Fittipaldi, bicampeão mundial e duas vezes vice, e Keke Rosberg, que trocou a Fittipaldi pela Williams em 1982 e foi campeão do mundo; Jo Ramirez - chefe de equipe, considerado por Senna o melhor de todos; Ricardo Divila, projetista, que já conquistou mais de 20 títulos no automobilismo mundial; e Adrian Newey, projetista em 1979 e 80, faturando os mundiais de 92, 93, 96 e 97.

● A equipe Fittipaldi acumulou um índice de quebras ao longo de sua história de 33,3%. Enquanto isso, a Jordan teve 44,5%; a Sauber, 44,4%; a Willians, 35%; e a Ferrari, 34,5%. Nem sempre dá para acreditar naquilo que a gente ouve!»

Sabe o que é melhor dessa história toda (muito curtinha)? São fatos, contra os quais não há argumentos! É tudo verdade e pode ser checado.

Que Brasil lindo, não! Tem mais: meu mecânico (excelente, por sinal), o Toninho Brasa, foi contemporâneo do Émerson, do Ingo Hoffman e do José Carlos Pacce, dentre outros cobras da época. Iniciantes, eles competiam de igual para baixo (me mecânico tinha equipamento inferior, preparado por ele mesmo).

Ainda assim, o Brasa deu oito caldos em nove corrida, VENCENDO todas elas diante desses nossos ídolos. A certa altura, com mais recursos, os três foram para o exterior e se consagraram. O Brasa (sem nenhuma tristeza) guarda todos os jornais ("A Gazeta Esportiva" - dentre outros) da época, como troféus e registro de seu valor.

Eu aplaudo o Toninho Brasa e tenho o maior orgulho da Coopersucar-Fittipaldi. Todos deveríamos, também.

Um abraço,

EM TEMPO Eu queria dar crédito ao autor do artigo entre aspas suíças, mas já não encontro mais a URL na web. Que pena!