6 de mai. de 2007

Saímos do armário, baby!

Por Adriana Vandoni

É batata. Quando notamos brilho no olhar de alguém é paixão! E é esse brilho que estou percebendo no olhar do PT de Mato Grosso depois que declarou amor ao antes criticado Blairo Maggi e seu PR – Partido da República. O amor é lindo, mais lindo ainda são as declarações e justificativas para a inusitada (a olhos nus) aliança. O deputado federal salve, salve Abicalil (PT-MT) publicou um artigo para se justificar. Em determinado ponto ele diz: “Trata-se da valorização das convergências programáticas, no compromisso solidário de honrar as melhores expectativas populares.” Entenderam? Achei ótima a explicação!
Descobri como é feito o discurso, aliás, como ele é montado. O PT usa uma tabelinha para criação de discursos muito interessante: “Como falar sem dizer nada”. A tabela é formada por quatro colunas e dez linhas, basta combinar uma frase da primeira coluna, com uma da segunda, outra da terceira e outra da quarta (seguindo a mesma linha, ou “pulando” de uma para outra). A tabela possibilita a criação de 10 mil frases. Por exemplo: “Não podemos esquecer que a consolidação das estruturas oferece uma boa oportunidade de verificação dos conceitos de participação geral”. Falei bunito, né? Outra: “a experiência mostra que o novo modelo estrutural aqui preconizado assume importantes posições na definição das formas de ação.” Que beleza! E o que eu disse? Nada.
Mas tudo bem, eles estão radiantes. Os olhinhos da ex-deputada Verinha brilham mais que o sol de Cuiabá, tamanha euforia. O que um cargo não faz, hein? Nem parece a mesma Verinha que certa vez me obrigou a fazer cara de paisagem quando fui cumprimentá-la e ela se virou. Devia estar mal-humorada.
Na verdade esse namoro não vem de hoje. A união entre Blairo e o PT era óbvia, nítida e apesar de camuflar, eles se admiravam e miravam-se no exemplo um do outro. Abicalil citou Blairo Maggi como exemplo de eficiência numa conversa com Berzoini (então presidente do PT). Contou que Blairo tinha conseguido bons resultados ao “se valer da estratégia de pagar os Vedoin para que fizessem denúncias à imprensa contra seus adversários”, segundo apurou o jornal Folha de SP junto à Polícia Federal no ano passado. E olha que a denúncia sobrou até para a senadora Serys (PT), adversária de Blairo na eleição passada.
Essa união vai além da secretaria de educação ou do encruado Dnit, ela define apoios para 2008 e 2010. Vejam, Blairo não tem candidato à prefeitura de Cuiabá, e apesar do deputado Sérgio Ricardo se ver como tal, ele não foi, não é e nem será candidato da turma do governador. Como Abicalil sonha com a prefeitura de Cuiabá e Pagot com o governo do estado, Blairo fará de Abicalil seu candidato em 2008 e quando 2010 chegar com duas vagas ao senado a serem ocupadas, Serys se recandidatará e imagina que com essa adesão, fará uma dobradinha com Pagot ao Governo. Porém, se ela for uma das candidatas do grupo, quem será o outro? Blairo?, Wellington Fagundes? ou Riva?, que parece já estar sentindo o cheiro de que foi colocado pra escanteio e inicia uma ruptura. Existe acerto entre Wellington e Blairo pela vaga? Será que Wellington deixará o campo livre para a reeleição de Sachetti em Rondonópolis? Blairo discursa e trabalha como se seu interesse fosse “apenas” o de ser candidato a presidente, e como de bobo ele não tem nada, usa isso para acalmar os pretensos candidatos. Na hora é outra conversa. Seu histórico indica isso.
Pra presidente ou vice, a eleição não passará por Mato Grosso. É matemático. A escolha não depende apenas do desejo pessoal, é feita puramente pelo número de eleitores de forma a contemplar as diferentes regiões do país. Sul, Sudeste, Nordeste e Minas, que sempre é decisiva na disputa Sul/Sudeste versos Nordeste e o restante do Brasil.
Basta vermos as últimas candidaturas: em 89 tivemos Collor (Nordeste) e Itamar (Minas) X Ulisses (SP) e Waldir Pires (Nordeste) X Lula (SP e Nordeste) e João Paulo Bisol (Sul) X Brizola (Sudeste/Sul) e Fernando Lira (Nordeste). Em 94 FHC (Sudeste) e Marco Maciel (Nordeste) X Lula (Sudeste-Nordeste) que optou pelo companheiro Mercadante (Sudeste) X Brizola (Sul e Sudeste) e Darcy Ribeiro (Sudeste).
Em 2002 Lula optou por um vice de Minas, e Serra por uma mulher, mesmo sendo do Sudeste. Em 2006 Lula manteve o vice e Alckimn optou por um do Nordeste. Em todas essas campanhas não tivemos uma candidatura a presidência ou a vice da região Norte ou Centro-Oeste. Preconceito? Claro que não! Nosso coeficiente eleitoral que é ínfimo. Só a zona Leste da cidade de São Paulo tem mais eleitores que Mato Grosso inteiro. Simples!
Quando chegar a hora, as traições virão. Alguns que já passaram por isso, dizem que é doído...mas nada que uma aposentadoriazinha para a esposa não resolva.
Mas, enfim, gostei das explicações do deputado Abicalil: “Sem precipitações de entusiasmo ou ufanismo. Exige diálogo, reciprocidade, confiança, equilíbrio na solução de conflitos”; um pouco longas, eu diria. Seria mais simples se o deputado explicasse a união com apenas uma frase: “saímos do armário”.
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