11 de dez. de 2007

CPMF: nem ata nem desata

Por Chico Bruno

Esse aprova ou desaprova a CPMF está torrando o saco. Enquanto isso, a oposição no Senado assiste de camarote a desalinhada base aliada de Lula batendo cabeça.
Para complicar, ainda mais, a situação do governo, a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), líder do Governo no Congresso Nacional, quebra o pulso e vai para o estaleiro. Já o senador Flávio Arns (PT-SC) decide, neste justo momento, fazer uma bateria de exames médicos no Paraná se ausentando de Brasília.
Alguns analistas acham que o petista usa os exames para encobrir o seu descontentamento com o decreto presidencial, que obrigou sua irmã Zilda Arns a deixar a direção da Pastoral da Criança, o que pelo decreto impossibilitaria a entidade fazer convênios com o governo federal.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM) e o do DEM, José Agripino (RN) não escondem no plenário a satisfação com as trapalhadas da base desalinhada de Lula.
A PEC da CPMF expôs a inconsistência da coalizão formada por Lula. Demonstrou que não existe um pensamento uniforme sobre o programa desenvolvido pelo governo. É uma base frágil formada pela sedução do poder. O caso do PDT é exemplar. O partido deixou a oposição, aderiu a Lula, ganhou um ministério e centenas de cargos, mas sua bancada no Senado é dividida. Alguns senadores acatam a orientação partidária, mas outros discordam dos rumos traçados pelo governo. Os senadores Osmar Dias (PR), Cristovam Buarque (DF) e Jefferson Péres (AM) não comungam, por exemplo, com a política econômica. Os três usam a CPMF para influenciar nesta política.
A oposição, apesar da bancada do PSDB no Senado querer uma coisa e os governadores do partido outra, deve votar unida, pois a influência dos governadores sobre a bancada é mínima. São Paulo, Roraima e Rio Grande do Sul não têm nenhum senador e Minas Gerais e Paraíba tem apenas um senador cada.
Por isso, o governo vai empurrando a votação numa tentativa de conquistar algum votinho em sua base desalinhada ou na oposição. É uma operação de ata não desata. Uma chatice.
Agora, existe a perspectiva da base desalinhada do governo não dar quorum para a votação da CPMF, adiando-a para 2008.
O problema é que vote ou não, a contribuição deixará de ser cobrada a partir de 1º de janeiro, pois, dia 31 de dezembro ela se extingue.
Para que a idéia do governo dê certo é preciso haver recesso no Senado. Para que isso aconteça, o Congresso Nacional precisa votar o Orçamento Geral da União, caso contrário a estratégia do governo se inviabiliza.

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