Acredito que fato de ser estudioso apaixonado da história do Rio de Janeiro, me tornou tradicionalista.
Em 1949, fui a Cinac Trianon (na av. Rio Branco esquina da rua Da Ajuda) levado por minha mãe para assistir uma seção de desenhos animados, ao sair ela me levou à Confeitaria Colombo, na rua Gonçalves dias, onde tive o primeiro deslumbramento de minha infância. Ela pediu uma “copa tricolor”. Tratava-se de uma taça com três bolas de sorvete: a branca de creme, a vermelha de morango e a verde de pistache, nunca tinha visto nada tão bonito. Depois nos anos 1960, ia à Colombo com muita freqüência, no mínimo comer alguns salgadinhos. Nada mais charmoso que convidar alguém que se estava paquerando para tomar um chá nesse local, era no primeiro andar e obrigatório o uso de paletó. Na Colombo de Copacabana só passei na porta, mas nem olhei para dentro. Fique oito anos seguidos fora do Brasil, no ano passado voltei para um período de férias e notei algumas modificações. Havia outra Colombo em Copacabana, para ser mais preciso dentro do forte no Posto 6, convidado para ir lá, não pude inicialmente recusar, mas ao chegar na porta do Forte, informaram que para entrar visitar o local e ir à confeitaria tinha-se que pagar R$ 5,00, foi minha salvação pois me recusei a “tamanha afronta”.

Notei outros detalhes a tradicional casa de líquidos e comestíveis Ao Lidador (rua da Assembléia) abrira uma filial em Copacabana. O famoso Bar Luiz (rua da Carioca) tinha sacrilegamente aberto uma filial, que era um quiosque no calçadão. Mas o tradicionalismo me impediu que entrasse e qualquer um deles.
Todavia, quero e falar do mais que centenário Café Lamas (foto), comecei freqüentá-lo em 1960, quando foca da Tribuna da Imprensa fui levado pelo meu chefe, que depois do alguns chopes ficava eloqüente e contava a história do local, começando pelo que escrevera Luiz Edmundo em “Rio de Janeiro do meu tempo”. O garçom que nos servia, de nome Patrício também gostava de histórias e foi dele a informação que o Café havia em sua história fechado somente duas vezes:na Proclamação da República e quando da morte de Getúlio Vargas (24 de agosto de 1954). Patrício também gaba-se de ser ele quem servia Getúlio Vargas quando muitas vezes saia do Palácio do Catete e ia até lá tomar seu chá.
No Lamas, conheci João Saldanha, foi no dia 20 de agosto de 1968, quando fui jantar comemorando o nascimento de minha filha numa clínica perto do Largo do Machado: Também encontrava Paulo Grancindo, que morava perto e o conhecia, pois seu filho, Gracindo Junior (Epaminondas) fora meu colega de ginásio. Todavia em 1976, o metro derrubou o prédio que alojava o café, assim o Lamas mudou-se de armas e bagagens, carregando inclusive seu famoso filé, para outro local mais ou menos perto, que nem me interessa saber onde, já que não pôde levar sua magia e dessa forma para mim deixou de existir.
Nessa quinta-feira teve "sessão solene" da União Nacional dos Estudantes no restaurante Lamas. Almoço com três de seus ex-presidentes - José Batista de Oliveira Junior, Marcos Heusi Neto e Raimundo Eirado. E mais o ex-senador Paulo Alberto, Ferreira Gullar, Aspásia Camargo, Paulo Vieira, Léo Cristiano, Givaldo Siqueira, Rogério Monteiro, Milton Coelho da Graça e Henrique Caban. Como pano de fundo, uma faixa: "A UNE de sempre - Bush, fora do Iraque!”
Pois é, Bush ficou tão “preocupado” ao saber do fato, que na noite de quinta para sexta feira, dormiu de peruca verde, pensando como atenderia o ultimatum da Une.
Os da “seção solene” perderam uma excelente oportunidade de fazer alguma coisa útil para o Brasil, levando uma faixa, onde estivesse escrito “Renan – Fora do Senado”, mas isso daria menos “Ibope” e para eles o importante é aparecer.
Dizia Malaquias, o filósofo do Engenho da Rainha: “Quem quiser aparecer e só enfiar um espanador no rabo e sair pela rua, garanto que será visto até no Jornal Nacional.”
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