Os pilotos americanos do Legacy se recusam a depor no Brasil. Não se recusam a depor. Recusam-se a depor no Brasil.
Se você fosse um piloto americano que tivesse sido pré-julgado na imprensa a partir de informações vazadas pelos investigadores do acidente da Gol, horas depois de ocorrer o mesmo, e tivesse tido que esperar semanas no Brasil, alvo de hostilidade você viria depor aqui?
Isso tendo certamente ouvido falar de uma mulher pós-adolescente condenada a uma pena extensa por roubo de um pote de margarina, ter sabido que aqui os poderosos não vão presos, que as prisões são precárias, você se sujeitaria a uma possível prisão preventiva num cárcere brasileiro.
Se você tivesse clara consciência que não se está procurando realmente determinar o que aconteceu, ou se o sistema de controle aéreo está com buracos negros, o sistema de rádio não funciona, os controladores não falam inglês, mas está se buscando condenar alguém para dizer que a justiça será feita você viria?
E a ALPA – Airline Pilots Association apóia estes pilotos nessa decisão. A ALPA obviamente percebe que este pode ser um caso em que não há clima para um julgamento isento dos pilotos. Há grande interesse em determinar que os culpados são “aqueles gringos”.
Pode até ser que todos estes temores sejam infundados, mas nesta altura dos acontecimentos o fato do temor de trazer ao Brasil esses dois cidadãos, ao menos do ponto de vista dos pilotos, seus advogados, a empresa em que trabalham e a ALPA não ha nada que garanta que não serão imediatamente presos, tendo seus passaportes confiscados preventivamente por oferecerem risco de fuga.
Para isto inclusive contribuíram outros fatos ocorridos nestes últimos anos. Por exemplo, a prisão de um piloto imaturo por fazer um gesto obsceno ao serem tomadas suas digitais. Pior ainda, a prisão de um velhinho, também preso e colocado no xadrez pelo mesmo ato de imaturidade.
A tudo isto se junta a prisão de controladores de vôo por, ao protestarem contra as condições em que trabalham lideraram greves brancas e fazerem declarações à imprensa. O fato de que estes controladores são militares e, portanto enquadrados como amotinados não quer dizer muito para a comunidade internacional. Os países de primeiro mundo já tiveram greves de controladores. Lá os controladores são civis. Se forem à imprensa protestar contra suas condições de trabalho ou equipamento tem pleno direito de fazê-lo. A insistência em fazer o controle do espaço aéreo brasileiro essencialmente uma atividade militar parece contribuir para o desconhecimento dos problemas existentes.
Ou seja, para um país que quer ser, e de muitas maneiras é um grande país moderno, há um ranço de inconfiabilidade no devido processo da lei. Há uma percepção de que as coisas aqui são “diferentes”. E não raro “desagradavelmente diferentes”.
Se você fosse um piloto americano que tivesse sido pré-julgado na imprensa a partir de informações vazadas pelos investigadores do acidente da Gol, horas depois de ocorrer o mesmo, e tivesse tido que esperar semanas no Brasil, alvo de hostilidade você viria depor aqui?
Isso tendo certamente ouvido falar de uma mulher pós-adolescente condenada a uma pena extensa por roubo de um pote de margarina, ter sabido que aqui os poderosos não vão presos, que as prisões são precárias, você se sujeitaria a uma possível prisão preventiva num cárcere brasileiro.
Se você tivesse clara consciência que não se está procurando realmente determinar o que aconteceu, ou se o sistema de controle aéreo está com buracos negros, o sistema de rádio não funciona, os controladores não falam inglês, mas está se buscando condenar alguém para dizer que a justiça será feita você viria?
E a ALPA – Airline Pilots Association apóia estes pilotos nessa decisão. A ALPA obviamente percebe que este pode ser um caso em que não há clima para um julgamento isento dos pilotos. Há grande interesse em determinar que os culpados são “aqueles gringos”.
Pode até ser que todos estes temores sejam infundados, mas nesta altura dos acontecimentos o fato do temor de trazer ao Brasil esses dois cidadãos, ao menos do ponto de vista dos pilotos, seus advogados, a empresa em que trabalham e a ALPA não ha nada que garanta que não serão imediatamente presos, tendo seus passaportes confiscados preventivamente por oferecerem risco de fuga.
Para isto inclusive contribuíram outros fatos ocorridos nestes últimos anos. Por exemplo, a prisão de um piloto imaturo por fazer um gesto obsceno ao serem tomadas suas digitais. Pior ainda, a prisão de um velhinho, também preso e colocado no xadrez pelo mesmo ato de imaturidade.
A tudo isto se junta a prisão de controladores de vôo por, ao protestarem contra as condições em que trabalham lideraram greves brancas e fazerem declarações à imprensa. O fato de que estes controladores são militares e, portanto enquadrados como amotinados não quer dizer muito para a comunidade internacional. Os países de primeiro mundo já tiveram greves de controladores. Lá os controladores são civis. Se forem à imprensa protestar contra suas condições de trabalho ou equipamento tem pleno direito de fazê-lo. A insistência em fazer o controle do espaço aéreo brasileiro essencialmente uma atividade militar parece contribuir para o desconhecimento dos problemas existentes.
Ou seja, para um país que quer ser, e de muitas maneiras é um grande país moderno, há um ranço de inconfiabilidade no devido processo da lei. Há uma percepção de que as coisas aqui são “diferentes”. E não raro “desagradavelmente diferentes”.
5 comentários:
Quem desligou o transponder?
Você não entendeu nada.
Não entro no mérito do processo. Entro na visão externa do país no tocante à administração isenta do processo.
O seu comentário é precisamente isto.
Você assume que desligarem o transponder e são culpados.
Isso é pre-julgamento. O cidadão entrando na corte já condenado.
Como se o mero fato da polícia te prender por estupro desde já signifique que nem precise ouvir as testemunhas que viram a mina te convidar para dar uma "rapidinha".
Alô, Hofmann.
Concordo com sua posição. Eu não viria. Mas, há instrumentos legais para levar os pilotos à barra dos tribuinais, mesmo lá. Basta o desgoverno do PT querer.
CLARO MAGU
É absolutamente anormal exigir absolutamente a presença deles aqui para deporem.
E a insistência confirma a opinião que eles e seus advogados formaram de que se aqui vierem apenas receberão seus passaportes de volta dentro de uns cinco anos.
Ralph
Caro Ralph.
Não houve pré-julgamento. O transponder estava desligado e o plano de vôo não foi obedecido.
Segundo seus argumentos, se estou na Inglaterra conduzindo um caminhão sem saber que a mão de direção inglesa é esquerda e meu caminhão bate em um ônibus que perde o controle e cai em um precipício matando todos passageiros.
Como voce acha que seria esse julgamento?
Pré-julgamento houve no acidente da TAM em Congonhas, com pressa em acusar o governo federal.
Parabéns por responder um questionamento. Pouquíssimos blogs repondem comentários. Comentários contrários não são nem publicados.
Ps: Não se iluda com "rapidinhas"
Postar um comentário