1 de ago. de 2007

Não Adianta Tentar

Por Fabiana Sanmartini

Fim da trégua, seis veículos incendiados na Estrada Grajaú-Jacarepaguá e mais três depredados. Foi em protesto a morte do estudante de administração William Alves Barros Barbosa de 26 anos, que teria sido morto por policiais a paisana que chegaram em um Peugeot descaracterizado. As testemunhas serão ouvidas hoje, mas alegam que foram impedidas de socorrer William. Este deixa um filho de 01 ano, a cadeira na Faculdade Estácio de Sá e o emprego em um escritório no Centro da Cidade.
Dando continuidade às mortes por policiais a Favela da Maré não ficou de fora, durante a operação do 22º BPM (batalhão da polícia militar) localizado na própria comunidade em Bonsucesso. Ainda de acordo com testemunhas, tratava-se de inocentes, ambos trabalhadores, o servente de obras José Carlos Rodrigues dos Santos, 29 anos e o vendedor ambulante conhecido como Bal.
Mas de acordo com o Governador do Estado Sérgio Cabral Filho, podemos ficar sossegados, parte da Força Nacional, que esteve no Rio durante os jogos Pan Americanos, permanecerá no trabalho. Assim teremos certeza de que continuarão os achaques a turistas e a total conivência com a contravenção, como foi o caso dos cambistas durante os jogos. Resta saber se o tráfico vai manter a trégua destes dias e o Rio poderá voltar a respirar a brisa que vem do mar sem que esta tenha o cheiro pútrido dos cadáveres em decomposição. Não sabemos por conta de que, foi o encolhimento do crime organizado durante os dias de Pan, se pela presença da Força Nacional, parabéns! A trégua foi bem vinda, mas lamentável confirmar que deu lugar a exibição de grau da contaminação da policia por crimes de extorsão e corrupção.
O Governador vai se reunir hoje, bombasticamente, com o Presidente Lula e com Nelson Jobim para tratar da manutenção da maquiagem e do aumento da segurança com a patrulha de soldados nas áreas próximas aos quartéis de origem. Se o caso da violência for tratado como o caos aéreo, o Rio de Janeiro estará oficialmente entregue ao poder paralelo. É bem verdade que o crime e a contravenção, no Brasil, estão virando sinônimo de status, veja o caso dos policiais presos no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica. Estes usavam o Batalhão hotel, entrando e saindo a revelia e por vezes passando o final de semana fora. Este caso só veio à tona por conta de uma operação das quatro Delegacias de Polícia Judiciária Militar (DPJM) que conseguiu ser mantida em sigilo, a investida foi na madrugada de domingo, e culminou com a exoneração do Coronel Carlos Rodrigues de Barros e com a inclusão dos treze policias, de plantão no dia, no artigo 178 (facilitação de fuga). E vale lembrar os corruptos oficias que cercam o nada democrático Lula. O Rio quer muito mais do que segurança, queremos dignidade. Que o Governador saiba, ao chegar a Brasília, que não estamos pedindo o assistencialismo barato do Governo Federal, ele nos dá a sensação de que não somos competentes o suficiente para nos manter. Façam a sua parte nos dando condições de vida digna. Preservando nosso direito de ir ao trabalho, de mandar para escola nossos filhos. Caso contrário as vaias do Brasil ecoarão em seus ouvidos presidenciais tampados para a democracia. Não é um pesadelo nem um movimentinho, pessoas que sequer se conhecem estão se unindo em uníssono, as salas fechadas ficarão pequenas e o barulho dos aplausos comprados não vai abafar nossa voz!


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