19 de set. de 2007

"Apagão" Rodoviário

O Brasil foi sempre pobre em estradas, seja de rodagem seja de ferro. Nos anos 1960, para ir do Rio de Janeiro à Paraíba de ônibus, sabia-se quando sair mas quando chegar era outra história. Viagens chegavam até a empregar 15 dias. No período do chuvas, passava-se mais tempo empurrando o ônibus nos atoleiros do que dentro deles.
Havia-se feito um plano rodoviário em detrimento ao ferroviário para estimular a nascente industria automobilística, visando dar importância maior para esse tipo de transporte seja de passageiros, seja de carga. Da metade da década de 60 para frente é que se pensou seriamente na construção de verdadeiras rodovias, com toda a infra-estrutura que as permitisse transitáveis, principalmente na manutenção constante.
A situação do transporte rodoviário nesses últimos 5 anos andou para trás, fez-se a propalada e politiqueira Operação Tapa Buracos, que serviu tão somente de farsa para adubar a corrupção.
Em artigo, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) faz uma denúncia sobre o que representa essa situação (G.S.)
"O último estudo da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) aponta que 75% dos 84 mil quilômetros de rodovias pesquisados em 2006 apresentam algum tipo grave de deficiência. Eis o retrato do desrespeito com o contribuinte: 54,5% do pavimento foram considerados razoável, ruim e péssimo; 70,3% das estradas vistoriadas têm sinalização inadequada e apenas 10,8% das rodovias podem ser classificadas de ótima qualidade. No âmbito urbano, a conjugação de inobservância da lei por parte do indivíduo com a escassa presença do Estado é também o que predomina. Os engarrafamentos incuráveis são fruto do modelo equivocado de gestão do serviço público de transporte que prioriza o particular em detrimento do coletivo. Desde o início do século passado, todas as grandes cidades do mundo, inclusive Buenos Aires, buscaram no metrô a solução para o transporte de massa. O Brasil inventou o mototaxi, o que nos faz parecer com Bancoc ou Saigon."
A CNT elaborou um plano de logística para o Brasil que envolve 496 projetos nos setores rodoviário, ferroviário, metroviário e hidroviário. Seria o suficiente para dotar o País de infra-estrutura capaz de sustentar o crescimento econômico a longo prazo. A conta do empreendimento é mais ou menos a metade do ambicioso PAC, só que mais realista e coerente com a necessidade brasileira. Não deve sair do planejamento, como é regra neste País. Mas há algo alentador. O presidente Lula andou de trem-bala na Espanha. Além de não ter sido alvejado por marginais nos arredores de Madri, adorou a experiência e jurou que o Brasil terá sistema de transporte semelhante. Eu acredito, mas prefiro me fiar no ceticismo do escritor e jornalista H.L. Mencken:” Dê um giro pelos últimos mil anos de história e você descobrirá que 90% dos ídolos populares do mundo não passaram de mascates baratos do nonsense.”

2 comentários:

Anônimo disse...

Não tenho nenhum dado oficial, mas você pode ter certeza de que esses 10,8% de rodovias "de ótima qualidade" são as rodovias pedagiadas.

Anônimo disse...

Só faltava ser as piores.
Esse comentário é a ululância do óbvio.
Aqui em MG não tem pedágio e as rodovias estavam uma porcaria pq dotô Aécio gastou o repasse para manutenção para pagar funcionalismo. Se não fosse o tapa-buraco do Lula não conseguiria trabalhar hoje.