14 de set. de 2007

Não Vamos Relaxar, como Recomenda a Ministra do Turismo

Por Giulio Sanmartini

A cientista política Maria Victoria Benevides, ex-presidente da Comissão de Ética Pública, externou sua indignação pela vergonha que aconteceu no senado: "Minha primeira reação foi de nojo. Depois me senti ofendida quando o senador Almeida Lima (PMDB-SE) disse que a absolvição de Renan é uma vitória do povo. É um insulto, isso sim. Aquilo não foi uma sessão secreta, foi clandestina".
Como solução prega a extinção da casa:"É um clube magnífico. Como cientista política, iniciarei um debate pela extinção do Senado e pregarei o voto nulo para senador em 2010. Apesar de tudo o que passamos neste longo período de democracia, continuamos com uma cultura política calcada no compadrio, coronelismo e clientelismo".
Convenhamos que a solução que ela apresenta é muito simplista e faz lembrar a história do marido traído que manda tirar o sofá da sala.
O senado é uma instituição criada em 1824 e sempre funcionou, não podemos confundir sua utilidade com a indignidade dos senadores que a estão ocupando.
O governo e especialmente o congresso fizeram da capital da República uma ilha da fantasia, onde eles reinam como bem entendem e acima do bem e do mal.
Quando o governo estava no Palácio co Catete, a câmara dos deputados no Tiradentes e o senado no Monroe, havia um temor dos ocupantes pelo clamor público que lhes estava no calcanhar.
Numa pesquisa de opinião com 6 mil entrevistados, constatou-se que 96% destes eram favoráveis a cassação do safardana Renan Calheiros. Com a cara mais deslavado do mundo 40 de seus pares o consideraram inocente, apesar das incontáveis provas contra ele. E daí? e daí nada. “o povo esquece”, depois de ver a dignidade nacional estuprada seguirá o princípio Marta Suplicy.

Vilas-Bôas Corrêa brada sua indignação: "Inacreditável, imoral, na contramão da ética, da compostura, da decência, do decoro a vexatória decisão do Senado, por 40 votos contra 35 e seis abstenções - que tentam enganar os tolos com o dissimulado voto contra - que absolveu o galante presidente, senador Renan Calheiros, da denúncia apresentada pelo PSOL e aprovada pelo Conselho de Ética, de ter tido as contas pessoais pagas pelo lobista da Mendes Júnior, Cláudio Gontijo - inclusive a pensão alimentícia à sua amante, a jornalista Mônica Veloso, com a qual tem uma filha de 4 anos...
(*) Na foto: Renan & Gontijo

Leia a matéria no Jornal do Brasil online

4 comentários:

ma gu disse...

Alô, Giulio

Essa Benevides, que considero figura nefasta, que tanto nos importunou quando escrevia no Jornal da Tarde, com a defesa insana que fazia do Partido dos Trambiqueiros, a ponto de, em um dos artigos, colocar que a filha dela dizia que a Benê (veja a intimidade com a Benedita da Silva) estava sendo injustiçada vem, agora, a público, fazer uma espécie de 'mea culpa'.
Não é crível. E prega, como todo petista, solução infantil. E se diz 'cientista política"? Só poderia ser mesmo aqui neste paiseco.
Normalmente vejo bem uma admissão de erro mas, neste caso, absolutamente não acredito. São lágrimas de crocodilo...
Deveria enfiar sua viola no saco e ficar quieta como, quase sempre, vem fazendo a atrabiliária Chaui (ui!).

ma gu disse...

Alô, Giulio

Faltou dizer uma coisa. Não concordo que Villas-Boas, quase sempre correto, venha a lamentar a postura do Mercadejante.
Lamenta-se posição errada de figuras impolutas, o que não é o caso, desde que essa mesma figura defendeu em plenário a inconstitucionalidade da prestação de contas dos cartões corporativos.
Não são todos os brasileiros que não tem memória...

Anônimo disse...

Adriana, esta rolando por ai, G1, Noblat, etc.. pesquisas com os senadores a respeito dos votos.
Ou eles estao mentindo ou houve viola�o do painel eletronico.
Ser� que o espirito do ACM andou rondando o congresso no dia da vota�o??
Precisamos investigar!
SALVEM O BRASIL !!!

Anônimo disse...

Um comentário sucinto: a cientista política está envolta pela emoção. O Estado é federado, no sistema democrático representativo, de regime presidencialista. A representação, na divisão de competências do Estado, é de forma bicameral, já secular. O erro não está na existência da Casa de Revisão, a Câmara Alta, o Senado, mas no procedimento dos seus integrantes. Para um leigo é normal, mas sendo cientista, respeitosamente coloca os pés pelas mãos, pois não se resolve uma controvérsia ou questão política (até um abalo de saúde), eliminando o efeito (a febre, uma votação incorreta, tipo a notícia de fraude no Painel), os fatores (um alimento deteriorado provocando crise abdominal, a sessão tribal, o cerceamento da liberdade de voto, a inviolabilidade do mandato, o acordo de licença para um apoio de determinada ala, etc). Tem que combater a causa (a infecçção, muitas vezes com ação cirúrgica, como em apendicite - inflamação aguda do apêndice) que foi a quebra de decoro, já na prática venusina no ambiente funcional (no Gabinete - referiu em um de seus textos, há algum tempo, Chico Bruno, conforme CDs), a presença incômoda do lobista, as justificações escassas de verdade (mentiras sucessivas), com o ornamento horrível de atos considerados infrações penais-fiscais ou vice-versa (fiscais-penais). A cientista, data vênia, inverteu o estudo do problema, alveja a Instituição e esquece a causa (ela podia como cidadã requerer ingresso na sessão - MS no STF, ela pode requerer a anulação, provocando o Ministério Público ou a OAB, através de representação). Não se pode eliminar, por exemplo, a Igreja, por força do ato de excomunhão do Bispo Odilo, ao abrigar indivíduos que o Vaticano não aceita e pune com a perda da condição de católico. Não se pode extinguir a OAB na sua inação (fosse eficiente e hoje já teria realizado uma reunião extraordinária para analisar com cautela a violência da sessão secreta, calando a Nação, cassando o mandato livre dos Senadores). Dispense texto tão longo, mas espero ter contribuído para repor as idéias em lugar seguro, sem embargo de que as emoções produzam outros atos, não o fechamento de Instituições essenciais, como diz a Constituição, ao Estado de Direito. É fazer apologia de uma prática que afronta a Soberania Nacional, o que é uma infração séria (o Brasil é um País muito generoso, tudo ficará na esfera das palavras, mas a pessoa com palmas acadêmicas deve guardar serenidade, explodir com fatos, mas não transfugir da ciência na apreciação de fatos que exigem abordagem com rigor técnico. Renovo o pedido de desculpas por ter excedido o limite... O tema não pode sofrer uma capitis diminutio, prejudica a verdade final.