8 de set. de 2007

O chefe Renan

Ex é pra sempre

Em entrevista a Revista VEJA (para assinantes), advogado Bruno Lins revela detalhes da estranha associação entre o senador Renan e o lobista Luiz Garcia Coelho, seu ex-sogro. Veja trechos da matéria assinada por Diego Escosteguy:

O que se falava?
Eu presenciei conversas e ouvi telefonemas nos quais o pessoal do BMG e o Luiz [Garcia Coelho] começaram a confabular para tirar o Amir Lando da Previdência e colocar outra pessoa.
Quem?
Eles falavam que tinham de nomear o senador Romero Jucá.

No começo de março de 2005, um mês depois da posse de Renan e poucos dias antes que Jucá efetivamente assumisse o Ministério da Previdência, como era desejo do grupo, Bruno conta que acompanhou Coelho até o hangar da empresa Líder, no aeroporto de Brasília. "Vamos buscar uns amigos meus", explicou o lobista, segundo o relato de Bruno.
Os dois seguiram no carro de Bruno. No aeroporto, um Omega aguardava os três dirigentes do BMG, que chegaram em um jatinho. Um deles era o presidente do banco, Ricardo Guimarães. Os dirigentes do BMG e Luiz Coelho foram até o gabinete do senador Romero Jucá. "Eles ficaram por volta de uma hora e meia dentro do gabinete", lembra o advogado. De lá, o carro que transportava a cúpula do BMG retornou ao aeroporto. O que um lobista e três banqueiros foram fazer no gabinete de um senador? "O Luiz não comentou sobre o que se falou lá dentro", diz Bruno. Nos dias que se seguiram, as negociações entre Coelho e o BMG se intensificaram. O advogado conta que o banco queria mudanças na instrução normativa que regulava a concessão do crédito consignado, permitindo o desconto em folha de compras feitas com cartões de crédito. Durante as conversas sobre as alterações, diretores do banco combinaram de enviar a Luiz Coelho uma cópia da instrução vigente, para que ele se inteirasse do assunto.
No dia 18 de março, o então presidente do INSS, Carlos Bezerra, assinou uma instrução normativa contendo as alterações que beneficiavam o BMG.

O período em que Bezerra baixou a instrução e Romero Jucá tomou posse na Previdência – tudo que o BMG e Luiz Coelho queriam e planejavam – coincide com uma temporada de saques em dinheiro vivo no banco e com a distribuição de propina aos personagens envolvidos no caso. Bruno conta que, entre o fim de março e o início de abril de 2005, fez três saques no BMG, todos por ordem de Luiz Coelho. O primeiro no valor de 300.000 reais, o segundo de 1 milhão e o terceiro de 1,5 milhão. Seguindo orientações do lobista, Bruno conta que foi de carro a Belo Horizonte pegar uma "encomenda". No meio do caminho, Coelho telefonou e lhe deu instruções: "Você vai ligar para a Cremilda e pegar 150.000 reais". Bruno ligou para a mulher, identificada como secretária do BMG, e combinou o local da entrega: um posto, nas imediações de Belo Horizonte. "Parei no posto e fiquei esperando", conta Bruno. Logo depois, um motorista, chamado Adalmar, estacionou um BMW escuro e desceu com uma sacola de papelão. "Aqui tem 300.000", disse o motorista. Bruno, surpreso com a quantia, ligou para Coelho para se certificar de que não havia nenhum engano. No trajeto de volta, recebeu um telefonema da secretária de Coelho, que lhe pediu para fazer um depósito na conta de uma das empresas do sogro. Ele não se recorda precisamente do valor total, mas garante que não foi mais que 30 000 reais. Em Brasília, o dinheiro foi entregue ao sogro, que o guardou num cofre no quarto de sua casa, para, logo depois, começar a distribuí-lo.

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