Lula e a Democracia

Por Plínio Zabeu

Em quase cinco anos de atividade presidencial e contando com dezenas de milhares de assessores – seja de que partido for, contanto que rezem pela sua cartilha, inclusive um famoso intelectual que deixou uma cátedra em Harvard para ser ministro do futuro (só no Brasil mesmo...) – nosso presidente já deveria ter ao menos aprendido a definição correta de DEMOCRACIA.
Parece que de nada têm adiantado os oceanos de dinheiro gastos com mais e mais contratações. Mas, principalmente em suas constantes viagens internacionais, nunca deixa de emitir opiniões contraditórias a respeito do assunto. Depois de definir Hugo Chávez como “super democrático”, dando impressão de nada saber do que se passa no país vizinho – como é de seu feitio – neste atual passeio pela África vem cometendo gafes após gafes quanto ao assunto. Convidado para as festas de aniversário de tomada de poder (em 1987) mediante execução do seu oponente, o presidente esquerdista Thomas Sankara recebeu Lula com festas e vivas.

Nosso presidente disse na ocasião que “A África ensina democracia”. Por quê não havia ninguém para orienta-lo naquele instante?
Ao menos um deles, o assessor internacional Marco Aurélio Garcia (aquele do toc-toc-toc, quem não se lembra para onde nos mandou?), declarou que em Burkina Faso o presidente tem aceito adversários como candidatos. Só não contaram para ele que tais adversários têm que desistir da candidatura nas vésperas das eleições, senão...
Dos países visitados, apenas a África do Sul pode ser considerada hoje uma democracia.
E aí começa a preocupação com o futuro no nosso país. A popularidade do presidente, baseada em carisma e esmolas, segue firme permitindo uma permanência indefinida no poder. Seja por quem indicar, seja por ele mesmo, já que se cogita em convocar uma constituinte para permitir o terceiro mandato seguido. Ora, se Hugo Chávez fez assim, por quê Lula não pode?
Tentativas não faltam. Chegou-se a criar uma campanha publicitária (paga pelo Banco do Brasil) enfatizando a importância do “número 3”. Traduzindo, o caminho para a terceira posse.
Mais uma MP (tão contrário ele foi com os antecessores, e hoje bate qualquer recorde a respeito) criando uma TV Estatal. Nela já estão alojados os amigos. Toda a pessoa com um mínimo de conhecimento sabe muito bem qual a serventia do tal canal.
Tomara que o mundo continue em progresso da economia, o que tem proporcionado para nós um avanço neste sentido. Pena que esteja sendo tão mal aproveitado.
pzabeu@uol.com.br