17 de out. de 2007

Pequena Contribuição por Bons Serviços Prestados

Por Fabiana Sanmartini

É a vida que imita a arte ou a arte que imita a vida? Na verdade não faz a menor diferença, esta cada vez claro porque tanto empenho em proibir o filme “Tropa de Elite”.
Os esquemas de corrupção, envolvimento em máfias e recebimento de propina para fazer vista grossa para o tráfico, estão em todos os jornais. E certamente não é invenção da imprensa, nem estamos querendo aumentar o poderio do tráfico. O Rio de Janeiro esta mesmo assim, lamentavelmente, não é uma película e nem eu não estou sentada no ar condicionado com uma baita caixa de pipocas se um super copo de coca-cola. O ex comandante da PM coronel Hudson de Aguiar diz não se recordar de ter autorizado o acompanhamento da produção do filme aos treinamentos do BOPE e ainda questiona se é verdadeira a autorização. Francamente, será que o BOPE é tão mal guardado a ponto de qualquer um assistir seus treinamentos “secretos”? O também ex-comandante coronel Wilton Soares Ribeiro, que no episódio das filmagens era Subsecretário Operacional da Segurança Pública, diz nem se lembrar do fato e que do ano passado nem recorda-se mais.
É que filmagens dentro da corporação devem ser rotineiras, mais ou menos umas cinco equipes cinematográficas por dia, ou então o coronel precisa de um médico urgente porque esta com graves problemas de memória. O fato é que a população tem memória e sofre na pele a violência diária do Rio. A corrupção existe e o que foi retratado, está provado, é verdade. A propina paga semanalmente aos policiais variava de 2 a 3,9 mil reais, que resulta em algo entre 12 e 15 mil reais de mesada paga pelo tráfico a PM. O narcotráfico esta se tornando um “benfeitor” da policia. Seu trabalho anda tão bem com a ajuda da corporação que ele bonifica a mesma. Vale lembrar que essa é apenas uma parte da verba “doada” pelo narcotráfico à corporação, uma vez que este montante refere-se apenas a alguns batalhões. E olhe bem, nem estamos mencionando as milícias e o envolvimento em máfias como a das vans, onde os pms não só extorquem como agridem fisicamente os que não paga. A propósito, não nos serve de consolo o indiciamento e nem a condenação de meia dúzia de gatos pingados. Nesta queda de braço quem sai perdendo somos nós que sofremos com a violência de ambos os lados. O carioca quer um Rio limpo, onde se pague apenas uma vez pelo segurança pública. E o transporte alternativo só existe porque o “oficial” além de caro não dá vazão a necessidade da população. Mas isso já é outro assunto.

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