9 de out. de 2007

Que é que faz falta

Por Ralph J. Hofmann

Vivi, Magu, Tunico, são três das pessoas que eu já considero amigas. Escrevo alguma coisa e eles criticam ou dão força, contribuem, me fazem saber que não estou escrevendo num vácuo. Há outros.
Mas hoje o Tunico tece alguns comentários em torno do que é um regime, enaltecendo o nosso feijão e arroz, carne, tomate e salada. Mas chama também a atenção que tudo com moderação vale.
Nada contra, mas me leva de volta às aulas da faculdade. Discutia-se a propensão a consumir e os exemplos usados nos manuais de economia. Tradicionalmente se antepunha “guns or butter”, ou seja “ canhões versus manteiga” como opção de produção para desenvolver uma economia estagnada. Meu professor era de origem grega. Comentou que para qualquer povo do Mediterâneo a manteiga não fazia muito sentido. Faria mais para um povo nórdico, ávido de graxas para agüentar o frio. Ele como grego de origem não podia passar sem muito pão. O brasileiro não poderia passar sem muito arroz com feijão e a maioria dos ingleses, alemães, poloneses, irlandeses etc. precisavam de batata, que antes da descoberta das Américas eram totalmente desconhecidas.
E é por aí que, sem ser médico ou nutricionista, sinto que é o caminho da roça. Não é difícil para mim substituir o café da manhã por uma salada de frutas com um pouco de aveia por cima. Fui criado comendo mingau de flocos de aveia no café da manhã. Aveia crua enxarcada com frutas minha mãe chamava de muesli. Hoje se paga caro o pacote da Kelloggs ou Nestlé, mas muesli é fruta e aveia. Se quiser adicione nozes ou castanhas.
O pão com fibras também faz parte da minha cultura de casa. Centeio integral.era coisa fina para nós. Um pão denso, duas fatias satisfaziam.
Mas sinto fome de feijão com arroz não mais de duas vezes ao mês. Eu, como muitos espanhóis, alemães. ingleses e outros sinto falta de comer batatas. Prefiro normalmente comer uma batata média cozida do que duas colheres grandes de feijão com arroz.
E não me pode faltar carne. A única refeição que eu poderia comer sem carne são panquecas de batata com purê de maçã. Coisa alemã. Mas é uma fritura. Como uma vez a cada três anos.
Em resumo, vale o avô do Tunico que mandava comer tudo em moderação e vale o que um dia me foi dito por um amigo médico quando viu o que o endocrinologista tinha me dado como dieta – Esta dieta não agüentas nem dois meses. És culturalmente um misto de gaúcho com europeu. Tens de adaptar qualquer dieta aos teus gostos e costumes.
E abriu as portas para os cortes magros fritos em teflon sem óleo, os queijos e um pouco de farinha de mandioca como acompanhamento e a batata em microondas.
E eu perdi vinte quilos em um ano, mantive o peso por anos até que em período de stress voltei ao pecado da gula. Agora estou no caminho de volta. Já reduzi três buracos no cinto.
Mas tenho uma vela virtual acesa para esse médico. É um sujeito sensato.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ralph J. Hofmann

Envaidecida e orgulhosa, agradeço a inclusão dessa modesta comentarista em seu rol de amigos.

Olha Ralph, sou apenas uma brasileira enojada com a imundície gerada pela SÓRDIDA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA- do pt a tal SOC, e pelo ambiente de degeneração moral instalado no Brasil desde que esse energúmeno se apoderou do Brasil, através do maior estelionato eleitoral de que se tem notícia.

tunico disse...

Caro amigo Ralph, fico muito grato por também assim me considerar.
Meu velho avô também me ensinou além da moderação na comida, a moderação em tudo que a gente faz na vida.Mas não aquela moderação passiva e sim a moderação ponderada, de bom senso. Nada que impeça uma radicalização de vez em quando, desde que cercada da indispensável racionalidade. Assim, como bom descendente de alemães que sou, diria a você que umas batatas com "bruhwurst" acompanhadas de um belo chopp são benvindas também de vez em quando(hehehe).

Um abraço.

ma gu disse...

Alô, meu caro Ralph.

Quero que saibas que me senti muito honrado ao ler o início do seu 'post'. Saber que um articulista lê meus comentários cheios de 'restrições interpretativas' diminui um pouco essa sensação de vácuo que você citou, assim como algumas trocas até de farpas com outros comentaristas do blog, quando dentro dos limites da educação.
Devo citar, de justiça, que Adriana e Giulio também já me honraram com sua atenção, apesar de não nos conhecermos todos pessoalmente.
Meu presente para tu é sobre algo que gostas, do livro Para Sempre Jovem, do médico Dr. Ulrich Strunz, edição portuguesa, não disponível aqui.
"Emagreça a dormir.
Não só deve evitar a matéria gorda, como terá que queimá-la. Para o conseguir, conta com a ajuda das substâncias lipolíticas, ou seja, as substâncias que derretem a gordura: Hormonas e substâncias vitais. Poderá, inclusivamente, comer antes de se deitar. De noite, pouco antes de se deitar, cometa um acto de pilhagem no seu frigorífico e tome um copo de leite desnatado ou coma um pedaço de peito de perú com limão, ou, ainda, um iogurte com flocos de aveia."

Ralph J. Hofmann disse...

Boas dicas Magu.

Vou ver se incorporo. Como durmo extremamente tarde é uma boa.
Aliás aveia anda em moda ultimamente, mas na casa dos meus pais sempre foi essencial.

Ralph