18 de out. de 2007

Racha à vista no alto tucanato

Abaixo uma entrevista que concedi ao Jornal Circuito MT (aqui versão on-line do Jornal), no caderno Política.
Nas últimas semanas o PSDB tem protagonizado rachas e disputas internas como: a saída do ex-senador Antero Paes de Barros da presidência do partido, a tentativa do novo presidente em se aliar a adversários históricos e o episódio de Guilherme Maluf e sua falsa saída do PSDB. Agora quem se distancia do partido é Adriana Vandoni que saiu da presidência do Instituto Teotônio Vilela e não aceitou fazer parte da nova composição que assumirá no dia 21. Sem papas na língua Adriana nos conta o que a levou a tomar essa decisão: (leia a entrevista em Leia Mais)
CMT: Neste domingo será a convenção do PSDB em que Wilson Santos será eleito presidente regional e, contrariando as expectativas, você não vai fazer parte da executiva. Está tendo um racha interno no ninho mato-grossense?
Adriana Vandoni: Eu não diria um racha porque não estou tentando influenciar outros filiados. Eu apenas estou seguindo as minhas convicções. Veja, se não concordo com o rumo do partido e a maioria escolheu assim, eu me afasto, mas não posso é trair os meus princípios. Não teria sentido continuar dentro de uma executiva na qual eu não acredito e muito menos confio.

CMT: Mas que rumo é esse que o Partido está tomando?
Adriana Vandoni: Eu não acredito em partido político que no lugar de ter um projeto partidário, tem um projeto pessoal. E o que vejo é um partido nas mãos de uma só pessoa, que não pensa na consolidação e disseminação de idéias, apenas com projeto de poder. Esse tipo de ação e esta nova composição que tomará posse no domingo, apequenam o PSDB no Estado.

CMT: Essa pessoa seria o prefeito Wilson Santos?
Adriana Vandoni: Também, e principalmente ele. Não concordo com a forma de política que Wilson exerce. Esse jogo de xadrez onde ele muda as peças conforme seus interesses próprios. Veja o que aconteceu com Guilherme Maluf. Tudo não passou de uma articulação que não deu certo. Quando Maluf foi para a saúde, foi com a expectativa de ser vice de WS em 2008. Tentaram negociar isso com o DEM, não deu certo. Até que se acertaram com o PMDB e acabaram dando com os burros n’água. Lamentável nessa história toda foi o papel que Maluf se prestou.

CMT: Então o PSDB sabia que era tudo jogo de cena?
Adriana Vandoni: Claro, o PSDB não, mas Wilson Santos foi o mentor de toda a jogada que fez do PMDB uma barriga de aluguel e de Guilherme Maluf isso aí que a imprensa toda já comentou.

CMT: Mas o projeto do PDSB não é a reeleição de WS?
Adriana Vandoni: O PSDB já tinha WS como projeto político, mas ele não se contentou em ser o projeto e preferiu inverter a ordem das coisas. No lugar dele ser o candidato do Partido, ele quer o Partido para seus projetos pessoais, usando-o como moeda de barganha das suas articulações, sem se importar com a opinião da militância que é a alma de qualquer Partido. E essas articulações têm um limite. O limite ético e, infelizmente, este limite ético vem sendo desrespeitado.

CMT: Sua postura tem alguma coisa a ver com o episódio da vaia?
Adriana Vandoni: Não, nossa, eu já até esqueci aquilo. Foi uma experiência fantástica e eu recebi apoio de toda a militância do PSDB. Quem não pode esquecer a vaia é Wilson que toda hora está saindo, de forma depreciativa, em revistas e jornais, abraçado a Lula.

CMT: Mas você se desfiliou do Partido?
Adriana Vandoni: Não. Sou teimosamente otimista e ainda acredito que um dia o Partido possa ser de fato um partido político, apesar do rumo momentâneo que está tomando. Eu acredito na social-democracia e acho que o ideal é muito maior que os desvios ideológicos locais. Apenas me afastei para não compactuar com o que está sendo armado. Só deixo de ser filiada se o Partido me expulsar, mas vai ter que seguir todos os trâmites de expulsão. Sabe que eu até queria? Queria ver quem do Partido entraria com um processo pedindo minha expulsão. E qual seria a alegação.

Um comentário:

PapoLivre disse...

Adriana, pelo que conheço de você, sua decisão não me causa nenhuma surpresa. Tendo luz própria não precisas viver em companhia de obscurantistas, vaidosos e que não têm projeto para o MT, mas projeto de poder. Estes boquirrotos nada mais fazem que deter o projeto de desenvolvimento tão necessário. São movidos pela vaidade de força tal qual uma progressão geométrica. MT não merece.