9 de out. de 2007

Renan merece a tropa que tem

Por Chico Bruno

A imprensa brasileira, ao contrário do que parece, não anda investindo no jornalismo investigativo, talvez por que o custo é muito alto. Se o leitor prestar bem atenção, a maioria das matérias, com aparência investigativa nasce em Brasília.
Uma pauta riquíssima é a vida pregressa da tropa de choque do senador Renan Calheiros. Como contribuição aos pauteiros, que tal enumerar os indícios que existem sobre os mal feitos dos personagens:

Almeida Lima:
Existem fortes indícios que usou laranjas para adquirir a rádio Liberdade AM, de Aracaju, logo após ter deixado a prefeitura da capital sergipana. Esse assunto voltou à tona em Sergipe, em função da defesa que o senador sergipano faz do colega Renan. O grande problema é que não existe veículo nacional disposto a gastar uns trocados para mandar um repórter apurar.

Romero Jucá: Em Boa Vista todo mundo sabe que o senador é dono de emissoras de rádio e TV, numa transação que envolve o seu cunhado e um laranjal conhecido na capital de Roraima. Novamente o problema é que custa caro para mandar um repórter a Boa Vista para apurar.
Valdir Raupp: É alvo de sete investigações. Em duas delas, o Supremo e a Procuradoria-Geral da República encontraram elementos para determinar a abertura de processo contra o ex-governador de Rondônia, por crime contra o sistema financeiro nacional e a administração pública. Aliás, o senador é personagem de um capitulo inteiro do livro “A ética da Malandragem”, do jornalista Lúcio Vaz.

Wellington Salgado: Este está na berlinda, pois o STF acaba de aceitar três denúncias de sonegação fiscal contra ele. Valeria a pena a ida de um repórter a São Gonçalo esmiuçar os negócios da Universo, universidade da família Salgado, que tem tentáculos considerados ilegais pelo MEC em todo o país. Essa é uma pauta preciosa, renderia muitas páginas, pois envolve mal feitos de várias espécies.

Gilvam Borges: O senador tem uma rede de comunicação de rádios comunitárias no Amapá, o que é uma ilegalidade. Além disso, mantém financeiramente as duas testemunhas compradas para cassar o mandato do ex-senador João Capiberibe, que misteriosamente nunca foram procuradas pela imprensa.

Agora surgiu um novo personagem, Chiquinho Escórcio, novo neste episódio, mas velho segundo o perfil traçado pelo jornalista Sebastião Nery, na Tribuna da Imprensa:
...O funcionário da presidência do Senado, Francisco Escórcio, flagrado...acertando um esquema mafioso para filmar e controlar os vôos dos senadores goianos Demóstenes Torres e Marconi Perillo, pode ter ido lá prestar serviços a Renan Calheiros, mas ele não escova os dentes sem ordem do senador Sarney.
Quando Sarney era proprietário do Maranhão, na ditadura, o Chiquinho Escórcio, imposto por Sarney, chegou a ser suplente do saudoso senador Alexandre Costa, e assumiu algum tempo, quando Alexandre adoeceu.
Quando Sarney foi presidente da República, Escórcio era móveis e utensílios do Palácio do Planalto. No primeiro governo Lula, Sarney nomeou Escórcio sub-subchefe da Casa Civil, substituto de Waldomiro Diniz, aquele avô do Mensalão, que era o vice de José Dirceu.
Defenestrado José Dirceu da Casa Civil, Sarney levou Escórcio para o Senado, para suas missões impossíveis. E, a fim de não dar muito na vista, em vez de o pôr no próprio gabinete, o instalou no gabinete de Renan Calheiros, mas sempre a serviço dele, Sarney (onde ganha R$ 9.200).
Infelizmente, com certeza, nenhum veículo de comunicação, dos denominados como a grande imprensa, se disporá a expor à opinião pública a face da tropa de choque de Renan, apesar de todas as pistas existentes que Renan merece a tropa que tem.

4 comentários:

Anônimo disse...

Não só Renan merece a tropa que tem como a própria tropa merece o chefe que tem. A reciprocidade, no caso, é perfeita como, aliás, não poderia deixar de ser. Tanto se conhece o líder pela tropa como se conhece a tropa pelo lider.jayme guedes

Anônimo disse...

É evidente que existem pessoas honestas e poderosas, no Brasil.
Ultimamente, tenho tido contato com pessoas mais simples, dignas e honestas, indignadas e revoltadas, mas essas pessoas possuem limitações em relação ao que poderiam fazer para minimizar a podridão generalizada, que existe no Brasil de hoje.

Cabe, então, perguntar:
Onde estão os poderosos honestos e dignos, que poderiam fazer alguma coisa para acabar com as muitas centenas de "picaretas" na política, em todos os níveis, e, por consequência, em muitas outras áreas?

E cabe o alerta a cada um desses poderosos e influentes...
Como está sua consciência?

"...Ninguém tem uma capacidade (poder, influência) maior que a média, impunemente.
Toda capacidade demanda sempre uma responsabilidade proporcional..."

tunico disse...

Creio que se a imprensa quisesse, faria.
A meu ver, o próximo alvo deveria ser o Jucá. Depois a Ideli e finalmente, o Sarney.Esse é o manipulador-mor. Está passando de rabo em pé. E como sempre afirmei, o maior responsável por tudo isso que está aí.Seu lobby de intrigas começou com o Collor. Ele foi o responsável pela viabilidade da eleição de Lula. Ele é o responsável pela sustentação de Lula. E olhe Adriana, o rabo dele é mais preso que qualquer rabo-preso de Brasília.
O dia em que alguém conseguir desmascarar esse sujeito, a casa cai de vez.

Anônimo disse...

A Tropa de Ataque não fica devendo em nada na arte das falcatruas.
http://congressoemfoco.ig.com.br/Noticia.aspx?id=18647