2 de nov. de 2007

Felicidade “In”

Por Raphael Curvo - Advogado pela PUC-RJ e pós-graduado pela Cândido Mendes-RJ

Perguntado sobre sua visão da humanidade e o que mais lhe surpreendia, o Dalai Lama, em sua elevada inteligência e sabedoria, respondeu; “Os homens, porque perdem a saúde para juntar dinheiro. Depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde e por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente e nem o futuro e vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido”. Não lhe parece que tem algo do povo brasileiro nisso?
O governo junta dinheiro para fazer o seu superavit primário e busca na saúde o dinheiro, via CPMF. A saúde no Brasil está perto da perfeição da destruição total. É gente morrendo nas portas dos hospitais toda semana e se dando ao luxo de serem filmadas pouco antes da morte sem receber qualquer assistência como foram os casos nos hospitais de João Pessoa e Rio de Janeiro, ambos, os pacientes, com diagnóstico de enfarte. Remédios adulterados e leitos hospitalares, principalmente das UTI’s, são constantes manchetes negativas nos noticiários com maior agravante das mortes naquelas reservadas aos recém nascidos. É gente por todo lado nos corredores dos hospitais os quais, pelo andar da carruagem, logo serão transformados em salas cirúrgicas. No momento em que o sistema da saúde estiver em processo de chegar a óbito, aí começam a “perder dinheiro” para recuperá-lo. Neste caso, o perder dinheiro tem uma conotação, o desperdício do dinheiro público via corrupção, falcatruas e por aí vai.
Como diz aquele velho discurso, ao qual também se refere o Dalai Lama, somos o País do futuro que nunca chega. Então são criados, todos os anos e governos, planos mirabolantes que prometem no “futuro”, destravar o Brasil e torná-lo uma próspera Nação participante, inclusive, das grandes decisões mundiais. E com isso, esquecemos do presente composto das estradas esburacadas. Da educação de baixa classificação e qualidade. Dos empregos qualificados sempre em falta. Dos empregos existentes, de baixa remuneração, sem mão de obra qualificada para preenchê-los. Das indústrias, sem equipamentos de tecnologia de ponta e já no limite de sua capacidade produtiva, sem possibilidade de expansão ou renovação, o que dá a péssima colocação do Brasil em 72º no ranking da competitividade. Do brasileiro comendo e bebendo porcarias sem qualquer fiscalização por parte dos órgãos responsáveis e assim por diante. Agora para completar mais ainda o futuro, veio a copa do mundo de futebol. Os próximos sete anos estaremos ligados em julho de 2014. O presente será esquecido.
Talvez, quem sabe, não será a copa a nossa salvação? São exigidos muitos protocolos, constantes do caderno da FIFA, e que o governo terá que cumprir tais como infra-estrutura viária, melhoria dos hospitais, dos hotéis, aeroportos, portos, transportes etc. Será que vamos viver este presente? É muito difícil acreditar que com essa equipe no governo isso não vá babar. Ou muda agora ou será que estão pensando em jogar no colo do próximo governo eleito em 2010? A mudança pode ser um indicativo. A copa de 2014 será na véspera de nova eleição presidencial. Caso não saia a contento, a realização ou não ganhar a copa, o discurso está montado. Eta mocinho ardiloso este Lulla.
Imaginem se realizarem o “perfeito planejamento” como o elaborado para o evento do Pan. Dos 400 milhões orçados chegou-se a um aditivo de 3 bilhões. O planejamento orçamentário da copa, estimado hoje em 07 bilhões, deverá chegar, sem muita vergonha, aos 30 bilhões. É uma nova Brasília, guardadas as devidas proporções. Aquele caminhãozinho de areia se multiplicará, com toda certeza, para a construção do nosso futuro.
Essa Copa me traz um grande temor, e justificado. O estatuto da FIFA prevê que o presidente da entidade que for eleita para patrocinar os jogos da copa do mundo, no nosso caso a CBF, terá o mandato do seu atual presidente prorrogado até a realização da mesma. E se Lulla tomar por princípio este enunciado da FIFA? Onde ficará o “In”?

2 comentários:

ma gu disse...

Alô, Adriana.

O articulista foi muito feliz no apanhado. Essa história de Copa tem outros cheiros. Tudo bem que os protocolos inerentes possam vir a nos fornecer algumas melhorias. Mas o mapa da estratégia está voltado para inundar os cofres do 'glorioso partido' com os PF's colados nos aditivos e, com a sujeira também inerente ao futebol, brindar uma grande possibilidade, caso o sapo não emplaque seu candidato, a voltar triunfante em 2014 e ser eleito em função do Brasil campeão.
Aí tem...

Anônimo disse...

E eu, que estava quase morrendo, pensando que era por causa da cachaça... Era o leite !!!