7 de nov. de 2007

Leia antes de assinar, prefeito!

Por Fabiana Sanmartini

“Leia antes de assinar qualquer coisa e jamais assine um papel em branco.” Tudo mundo já ouviu esta máxima, menos o prefeito do Rio de Janeiro César Maia e seus acessores que ao invés de assinar a sanção da lei que protegia não só os animais de maus tratos, mas garantia a continuação das pesquisas em entidades como, por exemplo, a Fiocruz, assinou o texto original que junta todos os animais em uma mesmo situação. Isto é, animais domésticos, de circo, de pesquisa, todos no mesmo barco.
Quero deixar claro que sou contra qualquer tipo de crueldade contra os animais, rinhas de cães, galos ou do que o valha, farra do boi, maus tratos a que são submetidos animais domésticos e de circo, contrabandos de animais silvestres e até aos simpáticos animais de pracinha que de tão magros não suportam o peso das crianças. Mas vale a coerência, o soro antiofídico (contra picadas de serpente), por exemplo, é produzido através da inoculação em eqüinos. Vale lembrar que para que se produza o soro são necessárias as serpentes e elas devem ser alimentadas para que estejam saudáveis quando for extraído o veneno que produzirá o antiofídico. Serpentes alimentam-se de pequenos roedores. A partir de células animais são produzidas grande parte das vacinas, tratamento para doenças como câncer e AIDS, também evoluem através de pesquisas com animais. Remédios cardíacos e para diabetes também se iniciaram em cobaias.

(*) Foto: Serpentário do Instituto Butatã (SP)

É preciso ter no mínimo coerência, maus tratos e sacrifício animal são coisas bem diferentes. Não existe punição severa para quem mata a pauladas seu animal dentro da própria casa, porque o assassino é protegido por lei por estar em seu patrimônio. Alias, animais domésticos são considerados, pela lei como patrimônio particular. Abandono de animais nas ruas é crueldade, eles são recolhidos e como não são reclamados, ou são sacrificados ou vão para universidades para estudo de anatomia, bem como cadáveres humanos também. É verdade que não dá ibope a castração e a punição para os que abandonam animais nas ruas. Na verdade os animais também são usados como cabos eleitorais por quem pouco anda fazendo por eles. Até a ração dada aos animais domésticos que posam nas campanhas de “proteção” são produzidas através de pesquisas com outros animais e fabricadas a partir de carne e essa que me conste também vem de outros animais. Nem os animais, nem as crianças, nem os idosos colhem os louros das vitórias políticas protagonizadas por eles. A hipocrisia permite que quem usa a bandeira animal de forma incoerente e vil continue a curar sua dor de cabeça com um analgésico sintético, destes comprados em farmácia ao invés de um chazinho de ervas.

Leia a matéria no O Globo online

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