No momento de crescimento da economia mundial, que não se via há décadas, o Brasil patina, e está satisfeito apenas com os recursos conquistados por commodities e produtos com baixo valor agregado, perdendo a oportunidade de formar indústrias, mão de obra e tecnologia para se tornar parte da elite do comércio mundial. Infelizmente a população, e mesmo os mais instruídos, não conseguem perceber para onde estamos caminhando. Lembrem-se, após esse período de fartura, novos atores estarão também dando as cartas nessa selva do comércio internacional, e o Brasil, perdendo mais essa oportunidade, continuará sendo mero fornecedor de matérias primas para que outros as beneficiem e devolvam com custos 10, 100 ou 1000 vezes mais valor.
Veja em leia mais, a matéria da Folha de SP:
Balança de autopeças será deficitária em 2007
Fabricantes já estudam produzir em outros países
Por CRISTIANE BARBIERI
Depois de cinco anos no azul, a balança comercial do setor de autopeças deverá fechar 2007 em déficit. Segundo o Sindipeças, sindicato dos fabricantes, os produtores deverão importar US$ 100 milhões a mais do que exportar, neste ano.
Até junho, a expectativa do sindicato era de que o setor tivesse superávit de US$ 1,8 bilhão. Em função da queda do dólar, o valor foi revisto para US$ 500 milhões, em julho e, agora, tornou-se deficitário.
O déficit foi resultado principalmente do aumento das importações, que devem passar de US$ 6,8 bilhões, em 2006, para US$ 9 bilhões em 2007. O valor é 33% superior. Já as exportações devem crescer apenas 1,6%, passando de US$ 8,76 bilhões para US$ 8,9 bilhões.
De janeiro a setembro, as exportações somaram US$ 6,63 bilhões, e as importações, US$ 6,65 bilhões, resultando em déficit de US$ 23 milhões.
As indústrias procuram adaptar-se ao cenário de valorização do real. Marca forte em diversos países, a Baterias Moura está revendo sua estratégia de produção e tem estudado terceirizar parte de sua fabricação para o México.
"Não podemos sair de determinados países, mas as exportações tendem a se tornar inviáveis, se a trajetória de alta do real se mantiver", afirma Paulo Sales, vice-presidente da Baterias Moura. "Um grupo de executivos foi ao México para estudar terceirizar a produção lá."
Segundo ele, a produção local não se inviabilizou porque a empresa passou também a importar matérias-primas.
As importações da Moura dobraram em 2007, em relação ao ano anterior, enquanto as exportações cresceram 40% em volume e 115% em faturamento. As expectativas de exportar 20% do faturamento de US$ 200 milhões, em 2007, caíram para 15% e foram revistas, recentemente, para 12%.
"Conseguimos exportar mais em valores porque aumentamos os preços das baterias, já que uma matéria-prima importante, o chumbo, teve grande alta em 2007", diz Sales. "Mas quando deixamos de dar emprego para brasileiros e criamos vagas no México, é sinal de que alguma coisa está errada."
A fabricantes de motores Cummins não perdeu contratos de exportação, porém percebeu que a concorrência com produtores asiáticos começou a se tornar mais difícil.
"O volume de transações não diminuiu porque ganhamos competitividade e volume", diz Luis Chain Faraj, gerente da Cummins. "Mas se continuarmos assim, o cliente não vai conseguir repassar no preço."
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