Por Fabiana Sanmartini
Peço licença a vocês que lêem semanalmente esta coluna do blog e dividem comigo a paixão com os animais, por não escrever hoje sobre comportamento, tampouco sobre saúde. O artigo de hoje não é um artigo, é uma carta, uma última homenagem a um amigo querido...
“ O dia amanheceu com o calor do sol, depois de dias chovendo nesta cidade que escolhemos para viver. Sol morno e modorrento daqueles que você gostava de espreguiçar no canteiro. Sem seu andar elegante, silencioso sentei-me para o artigo diário. Seus olhos de cobre não me acompanham mais na rotina de sempre. Você que foi tão forte e venceu por tantas vezes a invencível morte. Quando nasceu já sem respirar e por insistência inflou o peito, depois já aos quatro meses não conseguia comer e tratei-o do frio e da fome amarrado-o em meu corpo como um bebe. Esta manhã seu coração não mais suportou e num gesto último de amor morreu dormindo, durante a noite, me poupando de lhe ver sofrer. Assim nasceu nossa cumplicidade nas atividades diárias nas quais você me acompanhava, até mesmo no trato dos cães. Até eles esperaram em vão por sua visita matinal. Com um gato aprendemos a ser silenciosos, a ter o amor incondicional e compreensivo, não aquele que cobra atenção permanente. Com “Mi” aprendi que estar perto já é o suficiente e que amor é capaz de curar males que a medicina julgava impossível. Não posso dizer que minha vida ficou solitária, afinal ainda tenho os outros igualmente amados. Mas certamente perdi meu parceiro de leitura e filmes, capaz de assisti-los por horas sem me pedir para ir ao quintal, sem trazer a vasilha de ração e sem reclamar do meu gosto especial por documentários. Existem os que acham que gatos não interagem, são solitários, apegam-se apenas a casa e ao conforto da comida fácil. Pior são os que supõe que gatos pretos trazem má sorte. Estes jamais tiveram um gato como amigo. E quanto a você, meu grande persa preto, siga em paz. Pra mim, você continua como no samba cantado por Alcione, que embalava nossas brincadeiras, “...Você é um negão de tirar o chapéu...” (*). Aqui não fica o vazio da tua ausência mas a saudade de um grande amigo.”
(*) Meu Ébano de Nenéo e Paulinho Rezende
Peço licença a vocês que lêem semanalmente esta coluna do blog e dividem comigo a paixão com os animais, por não escrever hoje sobre comportamento, tampouco sobre saúde. O artigo de hoje não é um artigo, é uma carta, uma última homenagem a um amigo querido...

(*) Meu Ébano de Nenéo e Paulinho Rezende
2 comentários:
Meus pêsames Fabiana
Não extendo a todops os gatos esta característica de companheiros, mas os persas e os siameses são gatos com instintos caninos quanto ao dono.
Meu finando Blue Point inclusive era pai exemplar. Quando havia ninhadas na casa, se eu abrisse uma lata de atum para ele saia pela casa miando até juntar os filhotes e depois supervisionava enquanto todos comiam. Sé depois de estarem redondos se aproximava e comia o resto.
Prezada Fabiana,
Um outro trecho de despedida e emocionante encontra-se no endereço:
http://br.geocities.com/fisioan/
Veja o amor de nossos amigos eternos como eu já tive e ainda tenho.
Abraços.......Antonio Fernando
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