28 de dez. de 2007

A grande ameaça

Por Ralph J. Hofmann

Mazel Tov – Boa Sorte
Putz – Trouxa, idiota (vem da palavra para o membro masculino)
Hasta la vista Baby
No Problemo
Skoal – Saúde em idiomas escandinavos (ao beber)
Prost – Saúde (ao beber) em alemão)


As palavras acima, vindas do iídiche, espanhol e norueguês podem ser ouvidas a qualquer momento nos Estados Unidos ou em qualquer país de língua inglesa. Não são usadas exclusivamente por pessoas oriundas daquelas etnias. São palavras de uso corrente por qualquer pessoa. Foram incorporadas no último século ao idioma inglês. Podem ser encontradas em artigos de jornais, ouvidas em entrevistas, ou incorporadas a filmes e peças teatrais.
O inglês é o idioma mais claro e sucinto que existe. Ao traduzir para o inglês um trecho infalivelmente ele ocupa 10% menos de palavras que o português. E isto sem que o inglês tenha se tornado um idioma seco e sem beleza literária.
Se abrirmos um dicionário inglês em qualquer página mais de trinta porcento das palavras terá origem normanda. Ou seja, francesa. Isto começou quando Guilherme da Normandia invadiu a Inglaterra e se fez rei. Os idiomas existente antes da conquista continuaram a existir e as palavras foram adquirindo uma feição anglo-saxã-normanda.
Mas o fenômeno de pegar palavras emprestadas ao francês continua até nossos dias. E ao italiano, e a qualquer idioma que surja com uma palavra funcional.
Quando ingleses inventam algo completamente novo normalmente consultam os idiomas mais antigos, o grego e o latim. Assim temos maravilhas como computer, helicopter, fac-simile (Fax), television, telex, telephone., tomography e outras.
Os alemães no seu ufanismo criaram termos para muitos destes produtos: Helicóptero é “rosca de elevar” (em Brusque e Florianópolis – SC se diz meio na brincadeira avião de rosca”), “máquina de ver à distância”- televisão, aparelho de falara à distância” – telefone. Os franceses entre outras coisas pegaram o singelo computador, palavra de origem latina e colocaram “ordenador” no que foram seguidos pelos alemães.
Oxalá (palavra árabe, vem de insh Alá – que Alá o queira), o povo brasileiro saiba resistir na prática à imposição de uma linguagem hermética e complicada que dificultará o aprendizado das tecnologias de que o país tanto necessita.
A grande ameaça ao país não são as palavras emitidas. É a pobreza de espírito de quem se preocupa com a importação de palavras em lugar de se preocupar com a erosão da moralidade.

2 comentários:

ma gu disse...

Prost, Ralph.

Lembrei-me do dicionovário (millôr).
Foi muito boa a estocada no 'nãotemoquefazer'Rebelo. Touché!
Alegrou meu fim de ano.

Feliz Ano Novo!

Ralph J. Hofmann disse...

É, faz o meu "genre" palavra usada nos meios cultos dos países ingleses para descrever gênero, introduzida pela turma do Fitzgerald e Hemingway após suas vivências na Paris da década de 20.
Tem um galicismo no portuês também muito agradável. Trata-se da "minette".

Feliz ano novo para ti também, Magu.