9 de dez. de 2007

Liberdade para fazer o que seu mestre mandar

Para as autoridades governantes a democracia consiste em casar com quem bem se entenda, contanto que seja com a filha da dona Maria.
Quem critica o governo é alvo de todos os tipos de censura, não aberta como funcionava durante o regime militar, mas insidiosa, escondida, disfarçada, mas sempre censura
A peça publicitária produzida pela editora do livro Lula é minha anta, de Diogo Mainardi, não completou uma semana de exibição nas telinhas administradas pela Infraero. Aquilo era "propaganda política", decidiu um figurão da sigla que transformou os saguões dos aeroportos em shopping centers com vista para o próximo desastre. E o anúncio saiu do ar por ordem do censor anônimo. Por Augusto Nunes.
O texto abaixo é do próprio Mainardi que no livro é usado à guisa de orelha:
O episódio informa que, além da anta de Mainardi, existe a anta da Infraero. Aquela finge não ver o que está na cara. Esta finge enxergar o que não há. Uma odeia leituras. A outra detesta até anúncio de livro. As muitas semelhanças comprovam que as duas antas são mais que parceiras de espécie. São companheiras.
Lula é meu. Eu vi primeiro. Agora todo mundo quer tirar uma lasca dele.
Até os jornalistas que sempre o apoiaram. Chamam-no de ignorante. Chamam-no de autoritário.Como assim? Lula tem dono. Só eu posso chamá-lo de ignorante e autoritário. O resto é roubo. Roubaram Lula de mim. Falei tanto de Lula nos últimos anos que quase me sinto seu amigo. Tão amigo quanto Roberto Teixeira, acusado de favorecer uma empresa que
fraudava as prefeituras petistas. Tão amigo quanto Mauro Dutra, acusado de desviar verbas do programa Primeiro Emprego. Tão amigo quanto Francisco Baltazar, acusado de negociar com o doleiro Toninho da Barcelona. Tão amigo quanto Paulo Okamoto, acusado de montar o esquema de arrecadação paralela do PT. Duvido que todas essas denúncias sejam verdadeiras. José Dirceu garantiu que os petistas não roubam. Ou melhor, ele garantiu que os petistas não "róbam", roubando, inadvertidamente, a língua portuguesa.
Quem melhor definiu Lula foi o próprio Lula. Ele disse: "Não fui eleito presidente por méritos pessoais ou como resultado da minha inteligência". Eu, que sempre falei mal dele, fui obrigado a aplaudir. Ele realmente não foi eleito por méritos pessoais ou como resultado de sua inteligência.Há quem me acuse de ter motivos pessoais para amolar Lula. Bobagem. Tenho tanto interesse por Lula quanto pelo zelador do meu prédio. O motivo de minha implicância é público. Acho que os brasileiros, por falta de experiência democrática, atribuem uma importância exagerada ao presidente da República. Um presidente é só um burocrata medíocre que a gente contrata por quatro anos para
desempenhar uma tarefa que nenhuma pessoa minimamente sensata estaria disposta a desempenhar. Ele não é nosso chefe: nós é que somos chefes dele.

Um comentário:

ma gu disse...

Alô, Giulio.

A orelha do Mainardi (no livro, claro) é muito boa. Gosto do estilo.
Só não concordo em ele dizer que o sapo é dele. Em 1975 eu, metalúrgico, já me referia ao 'beócio que dirige o sindicato'. Mas como eu não tinha acesso à midia, a não ser agora, que existe este blog, fica por isso mesmo.