16 de dez. de 2007

O retrato permanente do Brasil

Por Adauto Medeiros, engenheiro civil e empresário

Assisti recentemente, para minha tristeza, na TV Senado, um “debate” entre um ecologista e um jornalista, ambos discorrendo sobre os males do Brasil e culpando mais uma vez o primeiro mundo. É o retrato do Brasil. Os outros são os culpados pelo nosso atraso, pela nossa pobreza, etc.
Incrível que quem observar bem a esse tipo de debate, e não estiver contaminado por ele, chega a conclusão de que ali estão dois cafetões muito mais que intelectuais. Parecem fazer parte da nossa legião de idiotas e que por burrice fazem o coro de apontar o dedo para os países ricos, que a muito custo, a muito custo, saíram da situação de penúria com trabalho incansável, como se eles fossem culpados pelos nossos males.
O interessante é que diante desse rosário incansável de culpas, eles nunca são responsabilizados também pelos nossos desperdícios, pela nossa endêmica corrupção. Mas fica claro o porquê dos nossos “intelectuais” não apontarem o primeiro mundo também por esses males. É porque os nossos intelectuais quase sem exceção vivem a custas do Estado, e portanto, não podem acusar quem lhes dá emprego de serem corruptos e não saberem gerir os recursos públicos. Por isso é mais é fácil e cômodo colocar a culpa nos de fora.
Mas quando terminou a guerra da Coréia onde houve a divisão entre Coréia do sul e do norte, a Coréia do Sul logo tomou a dianteira e hoje trata-se de um dos países mais ricos do planeta. Em vez de ficarem colocando a culpa nos outros, eles trataram de fazer a coisa certa, e não ficar desperdiçando e corrompendo.
E é sempre bom lembrar, que quando eles começaram a dar os primeiros passos, nós aqui tínhamos tudo para crescer e sermos o melhor dos emergentes. Mas não houve nada disso. E não conseguimos ser por causa de uma serie de erros, todos nossos, porque no fundo o que sabemos mesmo ser e adoramos, é pousar como arauto da pobreza. Enquanto isso, os políticos que põem a mão no nosso bolso, não param de enriquecer. Isso explica porque tantos idiotas continuam sendo chamados a darem entrevistas.
Quando os militares assumiram o poder a partir de 1964, preferiram fortalecer o Estado e enfraquecer a iniciativa privada. Infelizmente essa mentalidade contrária, que só nos leva para trás e sermos os arautos da miséria, está disseminada entre todas as esferas que se dizem pensantes nesse país. Eles criaram uma reserva de mercado para o parque industrial de São Paulo e atrasamos em 20 anos.
Quando Collor assumiu e abriu as portas para o externo, uma grande quantidade de industrias foram vendidas e quem ficou, teve de melhorar o sistema produtivo. Collor fez a coisa certa, mas a chiadeira foi enorme. Nesse sentido tivemos ano, em que o nosso saldo negativo nas transações comerciais com o exterior chegou a 10 bilhões de dólares. Juro alto para atrair dólar, como aliás é até hoje, e a crise da Rússia, México, e Argentina quase nos leva a lona. Mas ai, mais uma vez, tivemos que recorrer ao FMI para nos salvar, e mesmo assim, ainda levaram a culpa. É a nossa sina.
A onda agora é o álcool e o Biodiesel. O Brasil é um país que vive de inventar. O que precisamos é diminuir nossa divida interna, que já chegou a mais 1 trilhão e 100 bilhões de reais e para isso precisaríamos diminuir as nossas despesas. Mas como fazer isso, se este governo, do PT, não para de crescer o tamanho da máquina? Enchendo o setor público de burocracia, corrupção e ineficiência. A privatização parou sob esse governo, que foi outra coisa que ajudou a controlar a nossa economia. Mas preferimos continuar a sermos incompetentes, por medo do mundo moderno, e ficarmos fazendo o cômodo discurso de colocar a culpa nos outros e nesse mundo moderno.

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