Veja, por mais que os representantes do governo brasileiro argumentem que foram enviados à Cuba porque eles próprios pediram isso, na época representantes da comissão da Anistia Internacional disseram que o simples ato de eles terem se desligado da equipe cubana já era uma demonstração clara de que havia o desejo de receber asilo político, e o assunto não poderia ter sido tratado de forma tão "ligeira" e nebulosa como foi.
Hoje, deputados e jornalistas brasileiros estão impedidos de saber o que ocorre com os pobres pugilistas, que, no mínimo, já têm suas carreiras destruídas. É pouco isso? E aí, senador? Vamos convocar também o nosso ministro da Justiça Tarso Genro? E o embaixador Cubano?
Leio o trecho abaixo e a matéria completa no "leia mais". O link do Estadão está aqui.
"o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu ontem que seja chamado o general da reserva Agnaldo Del Nero Augusto. Em entrevista ao Estado, ele revelou que o Exército brasileiro prendeu militantes latino-americanos e os entregou a militares argentinos.
O senador ficou indignado com as declarações de Del Nero sobre a participação brasileira na operação: “Que ele venha a público dizer isso. O que se fez foi entregar pessoas para a morte. Acabo de ver a história de um caminhão que enchiam de judeus, na Alemanha, e funcionava como uma câmara de gás. E o motorista disse que só dirigia.”
Senado quer convocar general que admite prisões na Operação Condor
Após relato de Del Nero ao ‘Estado’, Comissão de Direitos Humanos planeja audiência sobre ações do Exército
Luciana Nunes Leal e Roldão Arruda
A Comissão de Direitos Humanos do Senado quer retomar os trabalhos legislativos, em fevereiro, com uma audiência pública para discutir a participação de militares brasileiros na Operação Condor, nome dado às ações conjuntas das ditaduras da América do Sul, nas décadas de 70 e 80. Integrante da comissão, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu ontem que seja chamado o general da reserva Agnaldo Del Nero Augusto. Em entrevista ao Estado, ele revelou que o Exército brasileiro prendeu militantes latino-americanos e os entregou a militares argentinos.
O senador ficou indignado com as declarações de Del Nero sobre a participação brasileira na operação: “Que ele venha a público dizer isso. O que se fez foi entregar pessoas para a morte. Acabo de ver a história de um caminhão que enchiam de judeus, na Alemanha, e funcionava como uma câmara de gás. E o motorista disse que só dirigia.” Para Cristovam, a declaração do general “é de mau gosto, cínica e desrespeitosa”.
Del Nero, que integrou a Seção de Informação do Estado-Maior do 2º Exército, nos anos 70, disse ao Estado que os militantes de esquerda eram apenas presos no Brasil: “A gente não matava. Prendia e entregava. Não há crime nisso.”
“Há crime, sim”, reagiu o ex-deputado e advogado de presos políticos Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). “Ele acha que está isento de culpa, mas não está. Se o Exército de outro país matou, o Exército brasileiro concorreu para a prática do crime. Além disso, foram ações totalmente clandestinas e ilegais e, portanto, criminosas.”
As declarações do general Del Nero repercutiram intensamente entre militantes da área de direitos humanos. Em Porto Alegre, o fundador do Movimento Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, destacou que até hoje nenhuma autoridade militar tinha falado abertamente sobre o assunto: “São revelações importantes. Abrem uma fresta, pela qual começamos a visualizar com mais clareza o que aconteceu nos anos da ditadura - especialmente a colaboração das Forças Armadas com suas congêneres de países vizinhos, na Operação Condor.”
Krischke, que assessora a Justiça da Itália na investigação dos crimes contra cidadãos de origem italiana, disse que o general confirmou o que os movimentos de direitos humanos já sabiam: “A diferença é que agora temos a declaração de um general, alguém que teve um posto importante no esquema repressivo.”
O advogado Fermino Fecchio, ouvidor nacional da Secretaria Especial de Direitos Humanos, também considerou relevante o relato do general: “É uma voz do lado de lá que admite o que todo mundo já sabe. Agora não há mais como esconder.”
Fecchio, que nos anos 70 ajudou a denunciar as atividades da Operação Condor, espera que as declarações do general possibilitem novas revelações: “Por que não revelar toda a história? Não se trata de revanchismo, mas sim de conhecer melhor a história do País e fortalecer a democracia.”
2 comentários:
Alô, Cassio.
É assim mesmo em terras tupiniquins. Quando acontece na terra dos outros, fazem um puta estardalhaço.
Concordo contigo. Os esquerdistas hipócritas ficaram calados quanto aos pugilistas cubanos...
E Getúlio Vargas, cuja foto nas casas humildes da minha infância estava entre uma figura da Virgem Maria e de Jesus, que entregou, não só Olga Benário como também negou asilo a muitos que tentavam se refugiar no Brasil?
Como é que fica?
A verdade é que o General tem convicções e coragem, coisa que falta aos antigos militantes, que poderiam ter estado na situação desses pugilistas.
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