26 de dez. de 2007

Trapaldas do Lupi

Todo mundo lembra da piada do Joãozinho, aquele menino que só pensava "naquilo". Com todo o respeito e guardadas as proporções, o Joãozinho deste final de ano é o Conselho de Ética, formado à sombra do Palácio do Planalto. Não se passa uma semana sem que os doutores deontólogos (porque ética, para os sofisticados, chama-se deontologia) insistam na ridícula recomendação para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, optar entre o ministério e a presidência do PDT.
Alhos nada têm a ver com bugalhos, inexiste na lei qualquer impedimento para o acúmulo de funções partidárias com funções administrativas, mas o Conselho de Ética dá a impressão de andar sem pauta nem agenda, porque só pensa naquilo.
É preciso descer um pouco mais ao fundo do poço. Existe um espírito-santo-de-orelha estimulando essa blitz contra Lupi. E só pode ser alguém muito bem posicionado no Palácio do Planalto. Exclua-se liminarmente o presidente Lula, mas, abaixo dele, os demais são suspeitos. Por que pretendem Carlos Lupi fora do ministério ou afastado da presidência do PDT?
As opiniões se dividem. Entendem uns estar em desenvolvimento uma trama para, ano que vem, o governo enfiar goela adentro do Congresso a reforma trabalhista, porque Lupi é o único ministro a se insurgir de público contra a supressão dos últimos direitos sociais que sobraram para os assalariados. Mantém-se firme na defesa dos ideais de Leonel Brizola.
Outra razão dessa animosidade contra o ministro do Trabalho poderia situar-se na tentativa de enfraquecimento do PDT, para que funcionasse como linha auxiliar do PT, nas eleições municipais do ano que vem e, em especial, na sucessão de 2010.
Carlos Chagas

Um comentário:

Lúcio Lopes disse...

Antigamente, mas bem antigamente mesmo (antes de 2 de janeiro de 2003), eu também pensava assim:
Todos são suspeitos, mas não o Lula. Este é o cidadão ingênuo, puro, íntegro e acima de qualquer suspeita.
Até que um dia ouvi da senadora Heloísa Helena que no PT ninguém dava um passo sem a anuência do Inácio da Silva. Todas as decisões, importantes ou não, têm de passar por ele. É ditador do partido.
HH sabia exatamente o que estava dizendo.
E hoje tenho absoluta convicção de que o espírito-santo-de-orelha a que se refere Carlos Chagas é o próprio presidente da República, este nefasto e pernicioso Inácio da Silva.