1 de dez. de 2007

“Vá te catar” Mantega

Por Raphael Curvo - Advogado pela PUC-RJ e pós graduado pela Cândido Mendes-RJ.

As fanfarrices de alguns governos na América do Sul parecem ter ninhos nas chamadas esquerdas saudosas. Foram eleitos por contestação da população em busca de melhores dias em razão da escassez de lideranças de valor. Elegeram grupos políticos que praticam “políticas” bem ao estilo “Cantinflas”, artista mexicano dos mais trapalhões nas comédias cinematográficas. Em sã consciência, como considerar Chávez, Evo Moralles e Rafael Correa, homens preparados para governar? Mas isso é pouco diante de seguidores e apoiadores como o nosso presidente que afirmou ser a Venezuela a preocupação do Brasil e não o “loco Chávez”. Este por sua vez, está se lixando para tais princípios ao cortar relações com a Colômbia enquanto Uribe for o presidente colombiano. Por que não tomar nosso presidente a mesma atitude, como por exemplo, com o próprio Cháves? E com o Evo Moralles que tripudia com tudo que tem “BR” na Bolívia? Ou nada disso tem significado para nós?
Ao estilo Chávez, que está fazendo escola por aqui, em território brasileiro, descobrimos um aplicado aluno que exerce as funções de Ministro da Fazenda. Este italiano de nascimento, que parece pouco afeto ao bom senso, dá entrevista para os meios de comunicação, em tom ameaçador, que a não aprovação da CPMF implicará em sofrimento à população mais pobre com cortes nos programas assistencialistas. Com a maior cara limpa diz que sem o dinheiro da “contribuição” financeira, o governo se vê obrigado a aumentar impostos, de sua competência exclusiva, para suprir o rombo que será provocado pela não aprovação. Busca jogar, de forma inaceitável, nas costas do Senado Federal a culpa de tal previsão criando, desde já, uma animosidade da população diante de uma instituição já combalida com o “renangate”. É de uma infantilidade e estupidez, pelo que se sabe sem registro na história política, o comportamento de um dos maiores representantes do governo ainda mais em um momento político inquietante que passa a América do Sul.
Eu, como já disse em outros artigos, defendo a CPMF desde que tenha, como finalidade, obediência aos ditames do texto legal que a criou, ou seja, com objetivo voltado exclusivamente aos cofres da saúde e não a conta de superávit primário. Aliás, o ex ministro Adib Jatene, o criador da CPMF, fez esta proposta ao ministro da saúde José Temporão que escorregou: “vejo com simpatia a proposta, mas teria que conversar com os ministros da área econômica”. Justifico meu posicionamento favorável a CPMF, além do exposto e outros argumentos, inclusive com as palavras do presidente o qual constatou que 140 dos 180 milhões de brasileiros são dependentes do SUS como único acesso à saúde. A razão da ineficiência do SUS está exatamente na falta de recursos maciços para atender tamanha demanda da população. E a saúde é o reflexo das condições e patamar de qualidade de vida do brasileiro. Somos um País de povo pobre.
Parece que o presidente está tomando do mesmo veneno que destilou anos passados quando atacou violentamente a criação da CPMF nos idos de 93. Aliás, o mesmo procedimento realizou contra a criação do Plano Real que o permite navegar na gastança desenfreada como ninguém na história deste País. Não é possível aceitar essa prática arcaica de governar. É bem verdade que não se sabe onde, com certeza, está o nó. Dinheiro tem e muito mas, não conseguem aplicar com eficiência.
O pior de tudo isso está no fato de que os políticos, em sua maioria, perderam o sentido ideológico da política. O Poder se transformou em único objetivo. Não há rupturas com o retrógado, apenas uma maquiagem. Desfazem o que existe mas, usam da mesma linha para bordados diferentes. O povo, por outro lado, se distancia, criminosamente, das atividades políticas. Voltam a práticas das épocas das benesses dos coronéis e aceitam passivamente, em estado catatônico, a “bolsa cabresto” (Jabor) ou como diz minha mulher, a “bolsa carisma”. Como se não bastasse, temos que viver sob ameaças em um sistema democrático. Parafraseando Adriana Vandoni, vá-te catar Mantega.

Nenhum comentário: