30 de jan. de 2008

Camisinhas do ministério

O jovem, agitado e esperto ministro da Saúde, sanitarista José Gomes Temporão, acaba de dar uma demonstração de argúcia e fina sensibilidade política, além do perfeito conhecimento do terreno em que pisa, ao lançar com o estardalhaço ampliado pela reação do clero católico, o programa, que se inspira no Bolsa Família, com as devidas adaptações, para a distribuição gratuita em todo o país, durante o período carnavalesco, de 19,5 milhões de camisinhas para evitar as conseqüências de notórios excessos que se repetem todos anos.
Não se trata de uma novidade. Mais que 77% do ano passado, quando as precauções oficiais foram limitadas a 11 milhões de preservativos, o salto deve ser conferido comparando-se às repercussões e, especialmente, às reações.
Para começo de conversa, o ministro Temporão pegou uma esperta carona na campanha de prevenção contra a Aids, com o foco na feminilização do flagelo que arrepia a população justamente temerosa.
É ainda pouco. A tacada de mestre acerta a bola sete, encaçapada na decisão da partida. Pois, certamente, sensibilizou às lágrimas a emotividade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a grandiosidade do programa de prevenção de doenças venéreas e a gravidez indesejada de milhões de jovens descuidadas, ancorada "na maior compra de preventivos masculinos já realizada no mundo", no espantoso total de um bilhão.
Este ano, para cobrir o país no carnaval, que será inesquecível, do sexo livre de riscos e sobressaltos, serão oferecidos aos interessados 600 milhões de camisinhas. E para o ano, a autoridade previdente, providenciou o estoque que deve dar para o gasto.

Leia a matéria de Villas-Bôas Corrêa no Jornal do Brasil online

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