7 de jan. de 2008

Deus é capitalista?

Por Laurence Bittencourt Leite, jornalista

Se há uma coisa que me parece o bê-á-bá para quem já domina as primeiras letras, é saber que foi o povo judeu quem criou o primeiro monoteísmo na terra. Como também é possível imaginar, isso para quem tem algum grau um pouco maior que as primeiras letras, que foi outro judeu que criou o comunismo. Agora, o que pouca gente sabe ou consegue fazer a relação, é que o capitalismo é obra dos judeus no sentido religioso do termo. Quase diria, Deus é capitalista. Não acredita? Pois é. Basta se dedicar a leitura.
E está tudo lá no velho testamento, ou se quiserem na Torá judaica. Basta ler os dez mandamentos, em especial o décimo mandamento para ter a noção exata de que a propriedade privada é obra religiosa dos judeus. E ai cabe a pergunta: por que eles são tão odiados no mundo? Pensem. Não é à toa, não é à toa. O décimo mandamento diz: “não cobicarás as coisas alheias”. Há mais de cinco mil anos, portanto, os judeus já fundamentavam as raízes da propriedade privada. Seria a proteção e a garantia de Deus à propriedade privada, que bastante tempo depois os americanos reafirmaram de forma definitiva em sua Constituição?
Os dez mandamentos estão expressos no primeiro livro sagrado bíblico “Gênesis”. Mas é no Deuteronômio, no capitulo 27, versículo 17, que encontramos de forma definitiva a marca e a crença (e o cumprimento) dos judeus a uma ordem moral de Deus: “Maldito seja aquele que transportar os marcos do seu vizinho, e todo o povo diz amém”. A Pastoral da Terra que muitas vezes prega e incentiva as invasões de terra, está indo claramente contra o Livro Sagrado que juram obedecer. Pois bem. As bases do capitalismo moderno estão lançadas religiosamente no primeiro monoteísmo da terra.
O incrível é percebermos que o cristianismo, a dissidência do judaísmo, pôs abaixo as diretrizes capitalistas do povo hebreu, ao advogar “é mais fácil um camelo entrar no buraco de uma agulha...etc, etc”. Não é à toa a relação fértil entre a Pastoral da Terra e a Igreja católica em especial nisso que chamam de América Latina. É preciso ler, é preciso ler.
E tem mais para quem gosta desse tipo de relação. Foi Freud (outro judeu, incrível isso) que percebeu e escreveu no ensaio “Moises e o Monoteísmo” que o cristianismo era a “religião do filho”, enquanto o judaísmo era a “religião do pai”. Edipianamente seria interessante levar a frente (coisa que o próprio Freud não foi tão longe, talvez como defesa) esse tipo de análise, e perceber no cristianismo uma espécie de rebelião do filho contra o pai. O cristianismo vem de fato causar uma subversão nas hostes judias, tanto que até hoje os judeus não o tem a Cristo como o filho de Deus. Mas é inegável perceber as relações do capitalismo e da propriedade privada no judaísmo nascente. O incrível também, repito, para quem gosta desse tipo de análise e possibilidade, é perceber em outro judeu, Marx, que criou formalmente o comunismo, um ateísmo expresso que terminou atribuindo a religião como o ópio do povo. Estaria no próprio marxismo (inconsciente certamente) uma outra espécie de rebelião ao judaísmo com sua relação explicita e aceitação das bases capitalistas? Taí algo para se pensar e estudar, ao menos como tentativa de aprofundamento e pesquisa. Lembrem, Marx era judeu.
Agora, não é à toa a relação estreita entre comunismo e igreja católica no terceiro mundo, na América Latina. Por que será? Essa associação entre comunismo, cristianismo, Pastoral da Terra e, sim, o PT germinou um campo fértil em nosso país. A defesa da miséria como um caminho para entra no Reino dos Céus se opõem frontalmente ao judaísmo que sempre se voltou para as produções reais e de sobrevivência material na terra. Isso talvez, talvez repito, explique em muito o ódio ao judaísmo, ao capitalismo e aos americanos no mundo moderno. Mas uma coisa não podemos negar, seja no capitalismo ou no comunismo sem industrialização não vai. Aliás, o fundamento básico do marximo (para quem entende, obviamente) é a industrialização como forma de criar a classe operária, para depois, tomando consciência de classe fazer a revolução. O incrível é que todas as revoluções comunistas ocorridas são anti-Marx, porque feitas em países rurais. Mas isso é outra história que já exige outros níveis de leituras. Mas sem duvida, estão no judaísmo as bases religiosas do capitalismo e da propriedade privada. Isso é inegável. Basta pensar.

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