22 de jan. de 2008

Fatiando o bolo do ministério das minas e energia.

Tarde de segunda-feira em Brasília. Local: Palácio do Planalto. Evento: posse do novo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Salão lotado, repleto de políticos de todos os partidos. Os peemedebistas são os mais animados. A cerimônia marcava a devolução ao partido do comando do ministério, perdido para a ministra Dilma Rousseff desde a queda de Silas Rondeau em meados do ano passado.
Impressiona como os políticos ali presentes debatiam o destino de cargos do setor elétrico. Abertamente, de forma transparente, diziam que fulano foi indicado para tal diretoria da Eletrobras. Sicrano deve ficar com uma vaguinha na Petrobras. Tem ainda aquele afilhado que está sendo sugerido para uma diretoria da Eletronorte. E por aí vai. Tudo ali, em pleno salão do Palácio do Planalto, à luz do dia, sem nenhum pudor.
Fiquei me perguntando, depois, se era justo cobrar algum tipo de pudor dos peemedebistas que ficavam ali, naquele local, defendendo a indicação de apadrinhados para cargos técnicos no setor elétrico. Afinal, o jogo em vigor é esse mesmo, do toma-lá-dá-cá. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, presente na cerimônia, se entregou a ele. Seus colegas do PT, então, adoram um carguinho. Não por outro motivo ganhou o apelido pejorativo de partido da boquinha.
Por que ficar condenando apenas os peemedebistas por defenderem seus amigos políticos para cargos técnicos se a mesma política é praticada nas hostes petistas? Por sinal, nos bastidores, a turma do PT adora dizer que o PMDB é um partido fisiológico, que fica brigando publicamente por cargos. Ora, a única diferença entre eles é que a turma petista age em silêncio, gozando de seu livre trânsito em alguns gabinetes-chaves da Esplanada dos Ministérios. Ficou mais do que provado, depois que o PT chegou ao poder, que se trata de um partido muito semelhante aos demais da vida brasileira.
Então, voltando à pergunta se é justo cobrar algum pudor dos peemedebistas, diria que sim, mas que a mesma cobrança deve ser dirigida também aos outros partidos da base aliada, inclusive e principalmente o PT. Mas, sinceramente, seria uma cobrança inócua. Afinal, esse continuará sendo o jogo por aqui, seja lá qual for o governo de plantão.
Infelizmente, está longe, muito distante, num futuro incerto e não-sabido, o dia em que no Brasil teremos uma burocracia estável, um corpo técnico permanente, a serviço do Estado. Com alguns poucos cargos à disposição dos políticos para trazerem sua equipe de confiança.

Por Valdo Cruz

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