2 de jan. de 2008

Fica Tudo Como Está

O ano é novo, mas a agenda política que o governo terá de enfrentar é muito velha. Entre os itens prioritários está a reorganização da dilacerada bancada governista no Congresso, especialmente no Senado Federal.
Esta recomposição vai exigir o preenchimento dos cargos prometidos aos integrantes da coalizão e uma ascendência do presidente sobre o PT que já arreganha os dentes para os aliados em virtude da eleição municipal que se avizinha e que vai indicar os rumos de 2010.
De outro lado, o governo começa a afiar sua tesoura para localizar e quantificar os cortes que terá de fazer no Orçamento depois de perder a receita de R$ 40 bilhões com a derrota da CPMF. Vai sobrar para todo mundo, e a chiadeira será mais um elemento de desagregação na ala governista. Depois de apontados os cortes, restará ao governo encaminhar os ajustes para a Comissão de Orçamento e dizer se será necessário algum aumento de tributos para fazer face à totalidade da perda com o imposto dos cheques. Qualquer aumento de tributos que, apenas de leve, indique alguma retaliação vai provocar um pandemônio no Congresso. Os aliados, por exemplo, não admitem corte das emendas parlamentares, especialmente aqueles que votaram com o governo na DRU e na CPMF.
Numa terceira ponta, o governo terá de enviar logo nos primeiros dias de funcionamento do Congresso a prometida proposta de reforma tributária simplificando impostos, ampliando a base contributiva e desonerando a produção. Parece fácil, mas a cada um, movido por objetivos políticos ou não, tem sua idéia de reforma tributária. Como nunca se arrecadou tanto e com tanta facilidade, o mais crível é que as duas legendas que aspiram à presidência não tenham motivação política para concretizar a reforma. É mais provável que discutam muito, apontem equívocos aqui e ali e depois, a pretexto do recesso branco da eleição municipal, fique tudo como antes.

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