29 de jan. de 2008

Lula, o metalúrgico

Uma coisa é o PT, outra o seu fundador, o atual presidente da República. Quando ele se projetou na liderança dos metalúrgicos da região do ABC paulista, pensou-se que era um novo líder do sindicalismo a revolucionar o domínio dos "pelegos", como eram chamados os velhos dirigentes sindicais, vivendo do conúbio esconso com os presidentes que trocavam a bajulação pelas vantagens materiais, a fim de evitar greves ou comandar e engrossar manifestações de endeusamento servil a quem assim comprava as suas consciências.
Assemelhava-se ele, no mundo ocidental do sindicalismo, com o modernizador das relações entre Estado e governo, Samuel Gompers, presidente permanente da AFL/CIO.
Projetou-se no cenário político a partir das vultosas greves do ABC, que liderou. Governava o Brasil o presidente João Figueiredo, após a Emenda Constitucional nº11, de outubro de 1978. Todas as medidas de exceção haviam sido derrogadas - saliente-se dentre elas o AI-5, que permitira vencer as guerrilhas comunistas já desbaratadas. A imprensa era livre e trazia na sua quase totalidade a mágoa causada pela censura, inevitável nas guerras, que durou 10 anos. As greves vultosas, em 1979, transgrediam a lei aprovada em 1964, cujo relator foi o deputado Ulysses Guimarães. Eu vi e ouvi, na televisão, Lula dizer, desafiante, que não reconhecia o Tribunal do Trabalho de São Paulo, que considerava ilegal a greve. Sem jamais ter lido Thoreau, nem provavelmente a história de Gandhi, aplicou audaciosamente a teoria da desobediência civil.
Um muito lido e influente jornalista criou o "Lula, o metalúrgico". Prontamente, os políticos de oposição viram nele o aliado decisivo para, aproveitando-se de sua força inegável nos trabalhadores, ganhar as próximas eleições. Fernando Henrique Cardoso acompanhou-o nas arengas das portas das fábricas em comícios relâmpagos contra o governo militar. Bajularam-no. Levaram-no a reuniões com grandes próceres do PMDB, inclusive na residência privada do senador Severo Gomes em Angra dos Reis, com acesso apenas pelo mar. Surge, porém, para eles, a desilusão. Lula tinha um projeto político pessoal. Não seria usado, usaria os intelectuais e a massa desiludida com os partidos políticos que logo atacou como "farinha do mesmo saco" e fundou o seu próprio partido, o PT.

Leia a matéria de Jarbas Passarinho no JB online

3 comentários:

PapoLivre disse...

Passarinho na muda não canta. O jornalista, com o nome preservado é Mino Carta. Este juntamente com Golbery criaram a figura do cefalópose presidente. Portanto o ferrabraz de Garanhuns é filhote dos chamados anos militares

Anônimo disse...

Caro Francisco, que bom que leio este seu comentário aqui no pep-home. Sem nenhuma base de leitura do fato, só tentando entender a geo-política do Golbery, tinha certeza disso, assim como o exilado às margens do Sena, filho de general, FHC, também era a alternativa para que a geopolítica continuasse. A presença de Jobim e Sarney, sobretudo, no governo hoje provam que tudo foi organizado para que a velha UDN continuasse no poder. O próximo, na minha opinião, é o Aécio, a nova metamorfose ambulante.. Se bem que Serra também foi dessa época. A conferir...

ma gu disse...

Alô, Giulio

A partir da explicação abaixo,

-Bom, a palavra pelego quer dizer uma pele de carneiro que os gaúchos botam, entre a sela e o couro do cavalo... assim a sela não machuca o cavalo - e ele acaba se acostumando em ser montado!
-...Tou entendendo! Quer dizer que quando os patrões "montam" na gente o dirigente "pelego" serve pra "amaciar" a briga, pra gente não perceber que está por baixo...!

você poderia mudar o título do post para Lula, o pelego metalurgico...