Por Ralph J. Hofmann
Quarenta anos atrás costumávamos chamar nossos colegas filhos de estancieiros de “gigolôs de vaca”. Tinham suas léguas de sesmaria, colocavam gado nas mesmas, o gado pastava, reproduzia, eles vendiam o gado e apareciam cada semestre nas universidades com Volkswagens novos, com todos os penduricalhos que associávamos naquela época com a fartura.
Estranhamente não fazíamos estes comentários sobre os filhos de advogados, médicos, ou dos capitães de indústria. Achávamos perfeitamente normal seus pais lhes darem roupas da moda ou Karmann-Ghias do ano.
Pois foi nossa geração de filhos de estancieiros e fazendeiros que alterou a imagem dos proprietários de terra.
Advogados, engenheiros e até médicos, trataram de se informar sobre manejo de terras, pastagens artificiais, reprodutores e matrizes escolhidos para formar plantéis com mais peso, menos gordura, e que ficavam aptos ao abate mais rápido.
Liam sobre a visita do Norman Borlaug e iam assistir suas conferências e liam seus artigos. O trigo, que era produzido por pura teimosia, pois era caro de produzir no Brasil passou a ser rentável com novas tecnologias.
O soja passou a representar uma grande fonte de divisas.
Nas propriedades passou-se a escolher as melhores terras para cada fim. Os computadores passaram a monitorar o desempenho.
Em certos casos, homens muito simples passaram a seguir os Suplementos Rurais nos jornais e escolher o que lhes servia nas proposições ali apresentadas.
Em suma, num espaço de 40 ou 50 anos, nossos amigos que anteriormente teriam se formado em alguma coisa e ficado na capital enquanto capatazes geriam seus negócios, passaram a se dedicar ao que haviam recebido dos antepassados.
E o país todo lucrou com isto.
Agora vemos alguns destes nossos contemporâneos acossados, como é o caso dos irmãos Guerra da fazenda Coqueiros.
É como se de tempos em tempos fossem estuprados. Homens armados invadem suas terras ao bel prazer, causam prejuízos materiais, e as coisas ficam por isto mesmo. E o algoz fica acampado na porteira da fazenda assegurando que voltará a atacar.
O Incra, patético, reconhece a produtividade, a lisura dos proprietários, mas ao arrepio da lei está procurando alguma forma de a Nação adquirir a fazenda “Para cumprir um compromisso com o MST”.
Muito estranha a noção de justiça. Os linchadores não são indivíduos, são uma turba na hora da invasão, porém na hora de programar a invasão são um grupo bem organizado, com técnicas, como esvaziar o lubrificante de um trator e fazê-lo funcionar, como esfaquear suprimentos de pneus. Tudo irrigado a cachaça e refrigerante pago pelo poder público.
Entender-se ia um movimento pedindo terras em algum lugar no Brasil, mas não. Estes movimentos querem terras já produtivas. Querem a máquina funcionando e azeitada, sendo que fica claro que uma vez administrada em minifúndios nunca mais a produtividade será a mesma.
Outra coisa de deixar pasmo. Nas invasões eles entram armados e maltratam os agregados das fazendas, empregados, com carteira assinada e direitos garantidos. Parecem ver também como inimigos essas pessoas que encontraram sua maneira de ganhar a vida e talvez no futuro ascender economicamente através de estudos.
Lembro também que há anos atrás indivíduos sem terra no Rio Grande do Sul aventuraram-se, sem participar de movimentos, individualmente, seguindo primeiro pelo Oeste do país, passando por Santa Catarina, Pará, Mato Grosso, Rondônia, etc. e até foram ter à Bahia. Foram e venceram, sem favor, sem ajuda de custo da Nação. Foram os pioneiros. E não faz tanto tempo assim, isto ocorreu nas últimas décadas do século vinte e ainda deve estar acontecendo.
Sabe-se lá o que ocorrerá se em algum momento a terra destes últimos pioneiros for atacada. Manterão a paciência dos donos da Coqueiros? Pioneiros costumam resistir os agressores a bala. Talvez seja por isto que os visados estão em municípios já mais civilizados.
Mas o que a lei parece esperar dos fazendeiros hoje visados corresponde ao seguinte: Um sujeito chega em casa, possui uma arma, e esta está no coldre. Três homens estão estuprando sua mulher e sua filha. Sendo um sujeito muito cumpridor das leis deve sacar a arma e fuzilá-los? Não, absolutamente não. Deve sacar do telefone celular, ligar para a polícia, informar que há três homens estuprando as mulheres de sua família. Se tiver uma máquina fotográfica poderá até registrar as cenas.
Quando a polícia chegar, se chegar em tempo, prenderá os malfeitores, eles serão soltos em horas ou dias, e voltarão a morar no pardieiro ao lado.
Se o marido/pai abrir fogo vai se incomodar para o resto da vida. A menos que tenha alguns litros de ácido sulfúrico para dispor dos cadáveres.
3 comentários:
Alô, Ralph.
Lendo o post acima O caso Celso Daniel continua vivo, com a descarada declaração do aspone presidencial
“Somos um País democrático, com todas as instituições funcionando em plena normalidade" e depois lendo este seu post e os demais, somando-se à popularidade do presimente, chega-se a conclusão que a maioria do povo brasileiro é idiota, e vai continuar sendo...
Falando como gaúcho adotivo, gostaria de ver um piquete maragato administrando justiça por estas bandas.
Eh, guri! Pelo que imagino, ia ser uma limpa. Cabeças de mequetrefes degolados iam rolar. E a platéia aplaudindo...
Leia um causo interessante em
http://www.bombachalarga.com.br/ver_causo.php?id=1
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