21 de jan. de 2008

Os lobisomens atacam

Por Ralph J. Hofmann

Tem aquela do cara que é convidado para a direção de uma orquestra sinfônica. Aceita o convite. Logo na primeira semana demite os músicos, o regente os encarregados do apoio técnico. Subdivide o teatro em salas de cinema e bombonières.
O problema é que o sujeito não entendia nada de música erudita. Mas entendia de salas de cinema.
Por este critério não sei o que o Sr. Lobão fará como Czar da energia, mas tenho razoável certeza que mandará reescrever a história do Chapeuzinho Vermelho. Vai descrever a cena do Lobo Mau sendo sujeitado à Dança dos Sete Véus pela ninfeta encapuçada e que depois de conquistar o lobo o denuncia por pedofilia.
Mas hoje o que chama a atenção é algo mais concreto.Coisa também de lobos, particularmente de Carlos Lupi, cujo sobrenome em italiano significa lobos.
Independente da correção ou não de ser um Ministro e Presidente de Partido simultaneamente, o Sr. Carlos Lupi já dá mostras de que como ministro não tem uma idéia exata do que sejam as atribuições de seu ministério. Está inventando moda para aparecer ou está no ministério errado. Quer gastar em coisas que não são atividade do seu ministério.
Neste momento fala em criar cinco Casas do Brasil no exterior, nos países com maior população brasileira.
Projeto muito digno, projeto até em algum momento necessário, considerando o auto-exílio que as atuais circunstâncias tem imposto a alguns brasileiros.
Seriam lugares onde expatriados (não apátridas como diz o Sr. Lupi) poderiam ir comer feijão, churrasco, carne-seca, papo-de-anjo e quindim, vaca atolada, ouvir moda de viola, dançar a chula e cantar sobre um peixe vivo fora da água fria. Admirável!
Note-se que a forte cultura gaúcha tem seus Centros de Tradições Gaúchas no mundo inteiro, formalizados como são os CTGs em todo o Brasil. Imagino que outras culturas brasileiras tenham no exterior seus centros de expressão cultural mais oficiosos. Talvez apenas compostos de uma mesa regular em um bar. Não recebem subsídios oficiais para isso. Fazem por saudades da terra que deixaram para trás.
Esses apátridas remetem fortunas para o Brasil, para a compra de imóveis, para sustentar parentes ou simplesmente para depósito em poupança. Merecem alguma atenção. Talvez um simples reconhecimento como aquele dado pelo British Council às Culturas Inglesas, ou o Governo Francês à Alliance Française.
Mas o que isto tem a ver com o Ministro do Trabalho, que alega ser esta criação o seu sonho? Isto é obra para o Ministério da Cultura em colaboração com os Adidos Culturais das Embaixadas e Consulados.
Certamente é uma obra que estaria dentro das parcas habilidades administrativas e de planejamento do Ministro Gilberto Gil. Talvez até esse fosse um projeto que Gilberto Gil, se a ele ocorresse a idéia, poderia ter abraçado e transformado em um belo sucesso. Não custaria necessariamente muito. Seria mais um projeto para fomentar a criação pelos brasileiros dessas associações em suas comunidades no exterior e dar uma assistência em termos de materiais e publicações e formas de realizar iniciativas.
Mas o que é que o Ministério do Trabalho tem a ver com isto?

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