4 de jan. de 2008

Por um idioma português mais puro

Por Ralph J. Hofmann

O que ainda não havia me ocorrido é que na depuração do idioma português, pretendida por Aldo Rebelo, quando começarmos a detectar coisas exógenas o processo não terá fim.
As inúmeras praias chamadas de Itaguaçú ao longo da costa brasileira serão todas rebatizadas de Pedra-Grande? Guará Mirim será chamado de Lobinho?
Sim, pois o idioma falado no Brasil não é português, é brasileiro. Temos uma convenção coberta por tratado com os portugueses, o que até agora não havia evitado que para bem da clareza falássemos em AIDS e não SIDA.
Cabe expurgar tudo que for exógeno à língua portuguesa.
Mas neste caso, será que os portugueses estarão de acordo em trocarmos a palavra almoxarifado e armazém por “depósito de peças de reposição e manutenção” e local de trocar dinheiro por mercadorias “?”.
E dinheiro como fica? É francês, vem de “denier”. Vai se chamar “moeda” ou “meio de troca”. Deve aumentar em uns 10% o tamanho dos textos de economia e finanças. Moeda em economês expressa algo muito claro. Meio de troca outra coisa bem clara. Sem a palavra dinheiro vai ficar faltando alguma coisa.
A palavra etiqueta, de etiquetar algo é outro problema. Poderíamos em lugar de etiquetar bilhetar. Mas aí cairíamos no fato de que “billet” é francês.
E a etiqueta, nos meios sociais? Também vem do francês. A palavra modos, de bons ou maus modos não a cobre. Nem comportamento. Talvez regra de conduta?
A todas essas a quantidade de papel usada nos livros aumenta, os bits para textos em português aumentam, e aumentam os analfabetos funcionais como o nosso Presidente da República.
Lula sabe ler e escrever. Mas nunca leu um livro, e quiçá não lê senão um resumo dos relatórios que vem ter à sua mesa. Imaginem crianças sendo levadas a ler um idioma engessado sabe lá em qual século, usando circunlóquios para descrever coisas que o resto do mundo resolve com uma palavra só? O que fará uma criança tomar gosto pela leitura?
Hoje um menino de nove anos sentado na frente de um computado aprende a ler inglês mesmo que não fale essa língua.
Ansioso por aprender cria pontes por intuição ou usando dicionário, para dominar técnicas e processos que o interessam.
Porém se a língua tecnológica for engessada não terá o arcabouço de palavras usadas internacionalmente para dominar a informática desde pequeno. Serão anos de atraso.
Eu diria que, a proposição de Aldo Rebelo causará maior dano à economia do que a Lei do Similar Nacional e a Lei da Informática que condenaram os empresários brasileiro a construir fabricas novas obsoletas, pois não conseguiam trazer equipamento de última geração senão a um preço que eliminava sua competitividade.
Mais dano ainda, porque sabíamos que assim que os jovens brasileiros tivessem acesso imediato a computadores de última geração e competissem em igualdade de condições poderíamos desenvolver suas mentes criativas e desenvolver software próprio, não para suprir o país, mas para competir internacionalmente.
Mas a única maneira de depurarmos o idioma português me parece passar por voltarmos à origem. Vamos oficializar o latim como língua única no Brasil.

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