14 de jan. de 2008

Quando os impostos são muitos...

O desencontro oficial em relação à derrota da CPMF seria escrito diferentemente se os dois ministros do erário, Guido Mantega e Paulo Bernardo, tivessem noção da incompatibilidade histórica, particularmente no Brasil, entre imposto e sociedade.
No Brasil, lembrava Capistrano de Abreu, o fisco chegou primeiro. A nação ficou para depois.
O atraso no recolhimento do quinto do ouro em Minas Gerais levou Portugal a tratar com mais arrogância a sociedade colonial. Quando a extração declinou por esgotamento das jazidas e o atraso no recolhimento dos 20% para Portugal foi longe demais, a metrópole não pensou duas vezes: mandou preparar a cobrança do acumulado. Era a derrama e implicava solidariamente todos os moradores de Vila Rica e cidades vizinhas, com seus bens, propriedades e ouro. O valor dos atrasados ia a 600 arrobas de ouro (9 mil quilos).
As pesquisas tornam o presidente Lula mais leve, mas se recusam a levar no colo os dois desastrados ministros que não perdem oportunidade de agredir os contribuintes. Em 1789 não poderia ser normal a relação entre a metrópole e os cidadãos da província depois de anunciada a devassa. A impossibilidade de botar os impostos em dia gerou, entre nomes de destaque em Vila Rica, a idéia da Inconfidência Mineira. Começava a História do Brasil propriamente dita e ficava para trás a etapa colonial. A mais importante de todas as conseqüências, a despeito da repressão brutal da metrópole, veio a ser, 30 anos depois da execução de Tiradentes em 1792, a proclamação da Independência.
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