16 de jan. de 2008

Saúde/Educação

Por Peter Wilm Rosenfeld

As circunstâncias (leia-se o Governo) me obrigam a voltar aos dois assuntos acima, sobre os quais já escrevi várias vezes.
Possivelmente, junto com a economia e os problemas de infra-estrutura, sejam os mais sérios desafios de qualquer governo, nos três níveis (união, estados e municípios); talvez, de todos, sejam os mais importantes, pois seus reais problemas serão sentidos daqui a muitos anos (como sua dramática situação atual é devida ao descaso com que foram tratados até agora).
Creio ter que tratá-los separadamente, o que farei:

Saúde – Apesar de o Presidente da Silva ter afirmado há poucos meses, categoricamente, que a saúde estava quase perfeita em nosso País, é evidente que precisa substituir as lentes de seus óculos. Não há dia em que os noticiários da imprensa informem algum fato positivo acontecido na área da saúde; nenhum (é evidente que me refiro à saúde pública; há fatos notáveis acontecendo na saúde privada, muitos deles passando a ser referências mundiais).
Ao contrário, todos os dias, em todo o país, são reportados absurdos ocorridos em hospitais e postos de saúde públicos, quer seja na forma como os pacientes são tratados, ou na falta quase total de medicamentos ou de pessoal.
Vemos corredores cheios de gente, alguns em macas, outros tantos em cadeiras e mais u’a multidão deitada no chão mesmo, aguardando atendimento. As condições de higidez são deploráveis, nem de segundo nem, tampouco, de terceiro mundo. Talvez sejam de quinto mundo!
E isso, apesar de o Governo dispor de fartos recursos para aplicação no setor: a famosa CPMF, popularmente conhecida como “imposto do cheque”. Esses recursos deveriam, em seu início, ser integralmente utilizados na saúde, mas nunca o foram. Tomaram todos os desvios possíveis inclusive, e estou certo disso, um desses desvios terminava na conta bancária (no exterior) de muita gente !
Para culminar com o estado “quase perfeito” da saúde de nossa população, tivemos, em 2007, um dos piores surtos de dengue jamais ocorridos e estamos tendo agora, o que se prenuncia ser de grande seriedade, uma preocupante ocorrência de casos de febre amarela (considerada erradicada no Brasil desde meados do século passado).
Ouvi (e vi, na TV), nosso Ministro da Saúde afirmar, categoricamente, garantir mesmo, que não teríamos uma epidemia. Pergunto: o governo do Sr. da Silva ainda merece crédito com relação ao que afirma e ao que promete ?
De minha parte não mais acredito em nada; ao contrário, quando afirma que “não” é porque é “sim” e vice-versa. Lamentável e imperdoável.

Educação – Insisto, há bastante tempo, que o termo correto seria “instrução” ou, melhor ainda, “ensino”, mas reconheço que estou sendo o único soldado de passo certo de todo o desfile...
O Governo do Sr. da Silva, em seu primeiro mandato, quando o atual ministro da justiça (em minúsculas merecidas) chefiava a pasta da educação, resolveu tornar o Brasil um País com uma política racista (dizia o Sr. Genro que apenas se estava reconhecendo a existência do fato e procurando minimizar seus efeitos). Afirmo que o que se fez no Brasil, um País que sempre aceitou gentes de todas e quaisquer pigmentações, origens, religiões(aliás, seria muito bom se nossos políticos e, principalmente autoridades, gravassem em letras garrafais em suas mentes que um dos objetivos fundamentais do Brasil é o de “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação(Inciso IV do Artº 3º da Constitutição Federal em vigor). Criminoso, pois, o Sr. Genro.
Depois disso, nada se fez sobre o tema ensino. Os professores de todos os níveis de ensino percebem remunerações vis, que com o tempo levaram, como não poderia deixar de ser, a uma baixa qualidade do trabalho. Na realidade, tão baixa que em qualquer teste de caráter mais amplo (internacional), os participantes brasileiros sempre se qualificam entre os últimos lugares. É claro que existem muitas pessoas, em nosso país, que se interessam verdadeiramente pelo o assunto e o estão debatendo seriamente através de artigos e debates, inclusive via internet.
Infelizmente, como o Presidente da Silva já declarou que “ler é muito chato, dá sono”, ou algo parecido com o mesmo sentido, nossos jovens acabam aceitando essa realidade, preferindo assistir à paupérrima programação de nossa televisão (com as exceções que provam a regra, na TV paga) ou a ficar frente a uma tela de computador assistindo produções de igual má qualidade.
Como não tivemos que enfrentar os horrores de uma guerra; como nosso País é pródigo em riquezas naturais de todas as espécies (já dizia Pero Vaz de Caminha no longínquo ano de 1500: “em se plantando, tudo dá”); como a miscigenação resultou extremamente positiva, encontrando-se gente da melhor qualidade em todo o País, fica a pergunta: “o que fizemos de errado para estarmos com todas essas dificuldades” ?
Respondendo pelo que vivi nessas últimas 7,5 décadas, não titubeio em dizer que escolhemos mal nossos governantes. A culpa é exclusivamente nossa e continuará sendo enquanto o País continuar nesse regime de “oba, oba” e aplaudindo (ao invés de penalizar fortemente) os corruptos que pululam mais do que moscas em montes de lixo.

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