Por Adriana Vandoni
Rosinha vai casar e para isso precisa de um vestido. Conhece várias costureiras, mas não sabe para qual delas entregar a responsabilidade de costurar seu vestido. Pensou, pensou, pensou...pensou mais um pouquinho e resolveu. Teve um estalo e num rompante, disse:
- Vou fazer uma concorrência.
Todos acharam a idéia maravilhosa. Rosinha então sentou à mesa e começou a escrever:
- "Contrata-se uma costureira que faça vestido de noiva. A escolhida será a que cobrar o menor preço. O vestido deve ser branco, lindo e com rendinha". Pronto!, disse Rosinha. Vou publicar no jornal e depois é só esperar os telefonemas.
- Mas Rosinha, como você vai escolher pelo menor preço?, argumentou sua mãe, a Dona Santinha. No anúncio você não diz se quer seu vestido longo ou curto, de tafetá ou de chita.
Rosinha pensou, pensou...a senhora tem razão. Vou escrever outro anúncio.
- "Contrata-se uma costureira que faça um vestido de noiva. A escolhida será a que cobrar o menor preço. O vestido deve ser branco, em tecido tafetá de seda pura, com 5 botões de cristal e 15 metros de véu. O vestido deve ser lindo e entregue dois dias antes do casamento. A costureira deverá se comprometer em entregar o vestido e garantir que o noivo cumpra com sua função na noite de núpcias".
Mas Rosinha, onde já se viu? Como é que a costureira pode garantir um serviço que não é seu? Como é que com agulha, linha e tecido, ela pode garantir que seu noivo funcione na noite de núpcias?
A historinha acima parece mesmo um absurdo. A Dona Santinha tem toda razão do mundo. Lembrei-me desse caso da Rosinha esta semana ao tentar entender o impasse na licitação da prefeitura de Cuiabá para contratação de serviços de coleta de lixo.
Não foi por falta de explicação, isso não. Falei com todas as partes. Prefeitura, aterro sanitário, empresa que entrou com pedido de liminar, ministério público, enfim, só não consegui falar com ninguém da empresa que presta o serviço atualmente, a Qualix. Liguei pra lá antes de ligar para qualquer lugar. Imaginei que lá eu tiraria minhas dúvidas sobre o serviço de coleta, pensei até que haveria alguém para rebater as alegações que constam da liminar que suspendeu a licitação. A telefonista me passou para uma funcionária que me informou não ter autorização para dar entrevista. Bem, eu não queria propriamente uma entrevista, queria informações que qualquer cidadão que paga pelo serviço merece ter. Mas tudo bem. Apesar de essa atitude ter me deixado encafifada.
De tudo que li, ouvi e entendi, a licitação pretende contratar prestação de serviço e obras no mesmo objeto. Exige que a empresa pretendente tenha em sua estrutura pessoal qualificado, técnicos responsáveis e habilitados para o serviço de coleta e tratamento do lixo, porém, que tenha também as exigências necessárias para tocar obras, até de asfalto. Agora eu pergunto: quantas empresas que prestam serviço de coleta de lixo possuem em sua estrutura uma construtora?
Ou seja, a prefeitura de Cuiabá quer que a costureira faça o vestido e ainda garanta o funcionamento do noivo.
É ... depois conto mais.
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