13 de fev. de 2008

A farra com o dinheiro do contribuinte é insultante

Louve-se, em princípio, o fato de governo e oposição terem chegado relativamente rápido e sem traumas a um acordo para a instalação de uma CPI mista no Congresso com a finalidade de esquadrinhar os gastos da administração federal com cartões de crédito corporativos desde a gestão Fernando Henrique Cardoso. Desconfie-se, porém, a princípio, de acertos entre governo e oposição.
A história recente dos atestados de inocência conferidos a mensaleiros e sanguessugas - para não falar das idas e vindas que resultaram também na absolvição do ex-presidente do Senado Renan Calheiros - autoriza a suspeição. Quando os parlamentares se acertam, e o fazem com relativa facilidade e rapidez, em geral quem sai perdendo é a sociedade.
Suas excelências não precisaram nem de meia hora para combinar que Senado e Câmara farão uma comissão conjunta para investigar os cartões e o sistema antecessor, as chamadas contas B. Faltou explicitar em que termos se darão essas investigações: se serão amplas e irrestritas; se, como prega o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, deixarão de fora ‘as famílias dos presidentes Lula e FHC‘; ou se, como acha imprescindível o Palácio do Planalto, excluirão as contas da Presidência da República por questões de ‘segurança nacional‘.
Se for uma CPI que exclua o centro do poder, não será uma CPI para ser levada a sério. Nesta hipótese estarão governistas e oposicionistas fazendo apenas um jogo de aparências destinado a dar à opinião pública uma satisfação absolutamente insatisfatória.
Principalmente porque está em jogo não a segurança da figura dos presidentes, mas a segurança do cidadão que é dono do dinheiro obviamente abusado. Não se sabe a extensão, mas que houve e há uma farra, isso é inquestionável só pelo exame da parte visível dos gastos, exposta na internet não por liberalidade ética do governo, mas por obrigação constitucional.

Leia a matéria de Dora Kramer no Jornal Cruzeiro do Sul

Um comentário:

Getulio Jucá disse...

É justo então que eu como contribuinte pague pelos erros e falcatruas dos outros?

Quer dizer então que eles fazem e acontecem com o dinheiro publico, e no final, "vamos fazer um acordo para deixar os caras de fora"?
Ora, o povo não merece isto.

Quer dizer então que a briguinha é particular entre eles?

Que não envolve o povão/a sociedade?

Este acordo entre os partidos vem a beneficiar a quem?

Como fica a nossa frágil democracia?